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O baobá do Parque

O Parque Augusto Franco, também conhecido por Parque da Sementeira, localizado no bairro Jardins, além da sua importante missão de lazer e esporte, tem sido utilizado há mais de 10 anos como um importante espaço verde para introdução de plantas nativas e exóticas adaptáveis. Como se trata de uma área verde da faixa litorânea de Aracaju, com solos arenosos e lençol freático superficial, remanescente típico do bioma restinga, tem se tornado um ambiente propício para pesquisas de novas espécies, destinadas á arborização urbana e paisagismo da cidade.
O plantio desses bosques no parque, simbolicamente, foi iniciado em 2005, com a implantação do Bosque Sesquicentenário, quando a cidade comemorava os seus 150 anos. Essa iniciativa tornou-se importante para que se pudesse testar a introdução de novas árvores na arborização urbana, além dos aspectos educativos e científicos para a comunidade.
Recentemente a AEASE (Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe), ao comemorar a Semana do Engenheiro Agrônomo em 2017, plantou conjuntamente com seus associados, centenas de mudas arbóreas no parque em parceria com a EMSURB / PMA.
Além de inúmeras espécies já plantadas como joazeiros, chichás, ipês, angelins, jatobás, oitis, craibeiras, aroeiras, paus-brasil, paus-ferro, felicios, mongubas, castanheiras-do-maranhão, entre outras, uma espécie exótica tem sido motivo de curiosidade para a população que é o baobá (Adansonia digitata L.), da família Malvaceae. Trata-se de uma espécie africana, típica das regiões tropicais áridas e semi-áridas,  considerada a árvore mais robusta do planeta e conhecida internacionalmente através da obra literária “O Pequeno Principe”, de Antoine de Saint-Exuperry,  publicada em 1945.
Um vegetal curioso, que chega a atingir mais de nove metros de diâmetro de tronco no nível de solo e mais de trinta metros de perímetro à altura do peito e vive por mais de cinco mil anos, considerada também uma das mais longevas do mundo.
Como os baobás são árvores de folha caduca e de zonas áridas, as suas folhas caem durante a estação seca e apenas brotam na época das chuvas. O tronco dos baobás adquire a forma de garrafa durante a fase de maturidade da árvore, em geral estimada pelos duzentos anos, quando plantada sob boas condições ecológicas e em solo arenoso. Ela também destaca-se pela capacidade de armazenamento de água nos tecidos do tronco, podendo  chegar a  mais de noventa mil litros.¹
Ao todo, existem oito espécies de baobás, todos do gênero Adansonia seis nativas de Madagascar, uma da Austrália e uma do Senegal.
 O baobá é uma árvore que fascina povos de todo o mundo, mas no Brasil ela tem uma forte relação com a religiosidade.
Em 2012, produzimos em nosso horto uma muda de baobá, a partir de sementes de matrizes africanas. No ano seguinte um exemplar foi doado e plantado por nós na entrada do Parque Governador Augusto Franco. Atualmente já possui mais de sete metros de altura, evidentemente ainda em fase de crescimento e adaptação.
A doação das sementes foi feita pela senhora Maria Angélica Mascarenhas Pereira, esposa do colega Engenheiro Agrônomo Teofanes Borges Pereira, que em homenagem a sua esposa falecida em 16 de março de 2018, resolveu depositar suas cinzas aos pés do baobá, em 22 de abril do mesmo ano, do qual ela costumava contemplar sempre que vinha para Aracaju. Um verdadeiro e emocionante gesto de amor à esposa e a natureza.


¹ Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Baob%C3%A1. Consultado em 22 de abril de 2018.