Páginas

O bacupari-liso

Árvore perenifólia, de copa globoso-piramidal, densa com tronco pouco rugoso, de 5-13 m de altura, por 20-30 cm de diâmetro, nativa principalmente na Amazônia, estando dispersa por quase todo o Brasil, da Guiana Francesa até o Paraguai (CAVALCANTE, 1991). De Pernambuco ao Paraná, é encontrada na Mata Atlântica e em restinga (BERG, 1979). Ocasionalmente cultivada em pomares domésticos (CAVALCANTE, 1991). Folhas simples, opostas, com pecíolo canaliculado e com uma fóvea na base. Inflorescências em fascículos axilares com flores esbranquiçadas, pediceladas e perfumadas. É a única espécie do gênero que apresenta flores perfumadas (BERG, 1979). Frutos globosos, do tipo baga, amarelo-alaranjados, lisos com polpa fina e mucilaginosa, de 3-4 cm de diâmetro, de sabor doce-acidulado muito agradável que amadurece de setembro a janeiro a depender da região, contendo 1-3 sementes grandes (LORENZI et al., 2006).

Na restinga, as folhas são bem mais coriáceas, com ápice agudo e nervação secundária, enquanto que, na Floresta Amazônica, apresenta folhas mais delgadas, com ápice variando de pouco a extremamente acuminado (BERG, 1979).

O seu fruto é comestível e bastante apreciado (BERG, 1979), sendo a polpa consumida in natura, em refresco ou sorvete (SOUZA et al.,1996). Os extratos de frutos (casca) e de sementes possuem boa atividade antimicrobiana, sendo promissores na prevenção de cárie e placa dental e também com potencial atividade antioxidante e anticancerígena. (ALMEIDA, 2008).

USO ALIMENTÍCIO

Os frutos são comumente comercializados nas feiras de Manaus/AM, e podem ser utilizados para preparo de sucos, sorvetes, frisantes, doces, geleias e suas cascas (epicarpo) já estão sendo pesquisadas para fins medicinais por conter substâncias anticâncer e antioxidante.

O delicioso doce de bacupari-miúdo é obtido após descascar e peneirar os frutos para retirar a polpa. Para cada 1 kg de polpa, use no máximo 500 g de açúcar cristal e mexa até obter o ponto desejado momento em que o doce passa a grudar na colher. Caso faça opção por consistência de geleia, é só retirar do fogo um pouco antes.

O sorvete fermentado de bacupari é feito mediante a colocação dos frutos descascados em um pote com uma camada de açúcar cristal e uma segunda camada igual e depois é só tampar e deixar na geladeira durante 15 dias. Após esse período coe em peneira esmagando as sementes e engarrafe em garrafa pet e deixe fermentar em temperatura ambiente. Bata com iogurte natural e gelatina sem sabor e congele. Fica similar ao sorvete de uísque.

Obtém-se também do bacupari-miúdo, uma bebida levemente alcoólica do tipo frisante (7%) de teor alcoólico, através da fervura de 01 Kg de frutos maduros e descascados com sementes e 01 Kg de açúcar cristal. Após esfriar acrescente 300 ml de suco de limão. Mexa, coe e envase em garrafas PET limpas comprimindo a garrafa até o liquido transbordar. Estando a garrafa estufada é só deixar fermentar na horizontal à sombra e depois coloca-la na geladeira e servir o frisante gelado (KINUPP.V.F., LORENZI.H., 2014).

Nome popular: bacupari-miúdo, bacupari, bacuri, bacurizinho
Nome científico: Garcinia brasiliensis Mart.  / Sin. Rheedia brasiliensis
Família botânica: Clusiaceae

LORENZI, H.; SARTORI, S.F.; BACHER, L.B.; LACERDA, M.T.C. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas: de consumo in natura. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2006.pag. 126.

Ferreira Kinupp, Harri Lorenzi: Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação ,aspectos nutricionais e receitas ilustradas  Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 214 .p.310

CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da Amazônia. Belém: CEJUP/MPEG, 1991.

ALMEIDA, L.S.B. Atividade antimicrobiana dos extratos da Rheedia brasiliensis e potencial anticárie do seu composto bioativo. Piracicaba: UNICAMP, 2008: Dissertação (Mestrado em Odontologia), Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual de Campinas, 2008.

BERG, M.E. Revisão das espécies brasileiras do gênero Rheedia L. (Guttiferae). Acta Amazonica, Manaus, v. 9, n. 1, p. 43-74, março 1979

SOUZA, A.G.C.; SOUSA N.R., SILVA; S.E.L.; NUNES, C.D.M.; CANTO, A.C.; CRUZ, L.A.A. Fruteiras da Amazônia. Brasília: EMBRAPA-SPI; Manaus: EmbrapaCPAA, 1996.