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A progressiva perda da vegetação nativa de Aracaju

grageru (Chrysoballanus icaco)
Uma grande parcela da população de Aracaju já não mais convive com a presença de inúmeras plantas nativas da cidade em virtude do crescimento imobiliário.
Na minha infância era muito comum encontrarmos em feiras livres e ou tabuleiros de frutas comercializadas em praças públicas muitas frutas como: maçaranduba (Manilkara salzmannii); murici (Byrsonima crassifólia); cambuí (Myrciaria tenella); ingá-da-praia (Inga edulis); grageru (Chrysoballanus icaco), esta última, uma  espécie tão comum, que  deu nome a um bairro da Zona Sul da cidade. Um curioso vegetal de porte herbáceo presente ainda nas nossas dunas, mas capaz de se tornar arbóreo quando cultivado em solos férteis.
Atualmente na zona de expansão e adjacências ainda encontramos entre mangabeiras (Hancornia speciosa) e angelins (Andira fraxinilolia), alguns raros exemplares de murici e cambuí, convivendo em terrenos baldios  com outras fruteiras nativas, remanescentes da nossa restinga, já em vias de extinção  como: manipuçá (Mouriri cearencis); ameixa-da-praia ou murta-da-praia (Eugenia candolleana); bugí (Coccoloba alnifolia); araçá-cagão (Psidium cattleyanum); araticum-da-praia (Annona salzmannii), entre muitas outras já citadas no nosso blog (curiosidadesvegetais.blogspot.com.br) na categoria Plantas de restinga.
Tem sido eventualmente recomendado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) e a Empresa Municipal de Serviços Urbanos (EMSURB), através do Comitê Municipal de Arborização, do qual faço parte como representante da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE), o uso dessas espécies nativas citadas na arborização da cidade, não apenas como alternativas válidas para o recobrimento arbóreo, mas, principalmente, pelo importante resgate ambiental dessas fruteiras quase desconhecidas da nossa população.
O Parque Governador Augusto Franco, popularmente conhecido como Parque da Sementeira, um local apropriado para pesquisa e experimentação dessas essências arbóreas, já poderia ter no seu acervo todas essas espécies para posterior produção de mudas, distribuição e introdução nas áreas públicas da cidade.
Sabemos que é difícil conciliar o desenvolvimento urbano com a preservação do meio ambiente, principalmente quando se trata de árvores nativas, mais é de extrema importância o cuidado com essas espécies para que não cheguemos ao ponto de vê-las extintas da nossa cidade.


Por: Antonino Campos de Lima – Engenheiro Agrônomo