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A moringa

Uma árvore caducifólia, de 7-10m de altura, conhecida como planta-milagrosa, é um vegetal exótico originário da Índia e da África, de tronco pardo-acinzentado, com ramos numerosos e folhas compostas tripinadas. Inflorescência em panículas axilares com flores brancas pentâmeras. Frutos longos parecidos com legumes ou vagens, medindo de 20-30cm de comprimento, de secção triangular, deiscentes, contendo sementes triangulares pretas e ricas em óleo e utilizadas até para purificação de água. (Lorenzi et al, 2003).*
Considerada milagrosa, por conter impressionante composição nutricional, medicinal, melífera, forrageira, purificadora de água, com aproveitamento desde as raízes até as sementes.
As sementes podem ser consumidas torradas ou cozidas. Suas raízes, de sabor picante, se assemelham muito a cenoura, e podem ser usadas na salada ou cozidas. As folhas frescas contêm nutrientes importantes em quantidades muito maiores do que os encontrados em outras plantas.  Possui sete vezes mais vitamina C que a laranja; dezessete vezes mais cálcio que o leite; dez vezes mais vitamina A que a cenoura; quinze vezes mais potássio que a banana; duas vezes mais proteína que o leite (cerca de 27% de proteína, equivalente à carne do boi); vinte e cinco vezes mais ferro que o espinafre. Casca, vagens, folhas, nozes, sementes, tubérculos, raízes e flores – são comestíveis. folhas podem ser usadas frescas ou secas, em refogados, sopas ou mesmo cruas, em saladas. Também podem ser usadas em chás e moídas, acrescentadas a receitas com farináceos, enriquecendo bolos e tortas. **
A moringa é também indicada como planta medicinal para regular a pressão arterial, controlar e prevenir diabetes, fortalecimento de músculos, aliviar dores, artrose e fibromialgia, manter cabelos e unhas mais saudáveis, tratar inflamações, fortalecer ossos, manter a disposição e o bom-humor e por ser uma boa fonte de proteínas, cálcio e ferro.  Suas folhas, raízes, flores e sementes possuem propriedades medicinais, antibacterianas, antioxidantes e mineralizantes e tem sido recomendada como antibiótico, anticancerígeno e anti-inflamatório, além de ser muito eficaz para as doenças dos rins, pâncreas, coração e dos olhos. ***
Suas sementes são ricas em óleo e utilizadas até para purificação de água, já que precipitam bactérias e sólidos em suspensão. Este efeito é resultante da sua composição em óleos e proteínas que se liberam quando as sementes são trituradas formando uma torta. Essa torta de sementes moídas é colocada na água, no fundo dos potes, e atrai a argila, sedimentos e bactérias, que ficam nela concentrados tornando a água limpa, clara e potável. O tratamento da água com torta de sementes remove até 99% da turbidez da água. ***
Além das inúmeras qualidades citadas, a moringueira é também uma excelente opção para produção de forragem, para aves, bovinos e outros animais pelo seu elevado teor proteico, pela precocidade de crescimento, resistência a seca e adaptação a vários tipos de solo, segundo Frederico Lisita e Raquel Soares, pesquisadores da Embrapa Pantanal, que , investigam o uso da moringa e da mandioca na fabricação de ração para criações de galinhas poedeiras do tipo caipira. Galinhas tratadas com a ração de moringa e mandioca mantiveram saúde e nutrição semelhantes às alimentadas apenas com milho e soja. Uma excelente alternativa para reduzir custos de ração. (Lisita, Soares 2017). ****
Além das inúmeras qualidades citadas, a moringueira é também uma excelente opção como planta melífera pela produção abundante de flores durante todo o ano e pela qualidade de seu néctar. Excelente alternativa para arborização urbana de calçadas estreitas em bairros populares pela versátil opção de seu uso como vegetal ornamental, melífero, forrageiro, alimentício e medicinal.

Nome popular : moringa, quiabo-de-quina, rabanete-de-cavalo, noz-do-bem
Nome Cientifíco: Moringa oleífera Lam.
Família: Moringaceae

* Lorenzi, Harri et al.: Árvores Exóticas no Brasil ( madeireiras, ornamentais e aromáticas) Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2003.p.257.
*** Disponível em: https://www.saudebusiness365.com.br/moringa-oleifera-beneficios,  Acessado em: 30/12/2018


Os ipês-amarelos

Handroanthus chrysotrichus
Os ipês ou paus-d`arco são plantas da família Bignoniaceae, que no Brasil possuem cerca de 30 gêneros e 400 espécies. No caso dos ipês-amarelos, temos pelo menos 9 espécies conhecidas, todas dos gêneros Tabebuia ou Handroanthus, que apresentam muita semelhança entre sí, causando, de certa forma  dificuldade de identificação.
Handroanthus difere morfologicamente de Tabebuia, principalmente pelo cálice campanulado, geralmente 5-lobado, pelo tom da coloração da corola amarela, e pelos tricomas simples, estrelados, dendroides ou barbados nas estruturas vegetativas e reprodutivas (Santo, Fábio et al, 2014). ¹
Tabebuia aurea
A nossa conhecida craibeira (Tabebuia aurea), por exemplo, quando se apresenta fora do seu habitat mais comum que é a caatinga, ao se deslocar para a zona litorânea, muda seu fenótipo completamente. No bioma caatinga apresenta caule tortuoso, cascudo, folhas mais pubescentes, coriáceas, largas, arredondadas e menores, enquanto no litoral passa a ter folhas mais lisas, estreitas e maiores. Seu porte no habitat natural varia entre 4-6m de altura enquanto na zona litorânea pode atingir de 12-20m ou mais. A própria floração da craibeira-da-caatinga é bem mais abundante em função do estresse hídrico provocado pela escassez de chuvas na região.
Além desses aspectos há que se considerar que com o nome de ipê-amarelo temos cerca de nove espécies dos gêneros nativos Tabebuia e Handroanthus com características muito parecidas e portes diferenciados:
1.    Handroanthus albus - ipê-amarelo-de-serra (20-30m) Folhas c/ bordo serrilhado
2.    Handroanthus ocraceus - ipê-amarelo-do-campo (6-14m); F.c/bordo serrrilhado
3.    Handroanthus serratifolius - ipê-amarelo-ovo (8-20m); Folhas c/ bordo serrilhado
4.    Handroanthus riodocensis - ipê-amarelo-de-casca-sulcada (20-30m)
5.    Handroanthus chrysotrichus - ipê-amarelo-de-encosta- (4-10m) F. c/bordo liso.
6.    Tabebuia umbellata - ipê-amarelo-de-brejo (10-15m); Folhas c/bordo liso.
7.    Tabebuia vellosoi - ipê-amarelo-de-casca-lisa (15-25m); Folhas c/bordo crenado
8.    Tabebuia caraíba - caraibeira-do-norte (12-20m); Folhas com bordo liso
9.    Tabebuia aurea - craibeira-do-nordeste (4-24m). Folhas com bordo liso.
Todas essas espécies são bastante parecidas e variam conforme o porte e a sua constituição morfofisiológica e até de acordo com o habitat onde vegetam. Handroanthus chrysotrichus e H. ochraceus, por exemplo, podem ser diferenciadas das demais espécies pela ausência de tricomas dendroides no cálice. ¹
Handroanthus serratifolius
O Handroanthus riodocensis, também conhecido por Tabebuia riodocensis A. Gentry, (pau´darco-flor-de-algodão ou ipê-amarelo-de-casca-sulcada), uma espécie endêmica do Brasil, encontrada na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo (Lohmann, 2012), até 200 m de altitude (Gentry, 1992), difere do Handroanthus serratifolius pela cor da sua corola mais escura quando seca, cálice mais glabro, por ocorrer em habitats diversos, entre outras características (Gentry, 1992). ²
A identificação precisa desses ipês-amarelos só é possível ser feita por especialistas ou mediante coleta de material botânico, com posterior estudo taxonômico.

¹ Disponivel em http://www.cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Handroanthus%20riodocensis .Acessado em 27 dezembro 2018.
² Santo, Fábio et al.: Flora da Bahia: Bignoniaceae 2 – Aliança Tabebuia, Bahia, 2014, p. 3.

Os Hibiscos


Plantas ornamentais importantes que fazem parte da vegetação nativa e exótica no Brasil.
A família Malvaceae no Brasil conta com aproximadamente 70 gêneros e 750 espécies e atualmente absorveu inúmeros gêneros de mais três importantes famílias (Sterculiaceae, Tiliaceae e Bombacaceae), após estudos científicos pesquisando caracteres anatômicos e morfológicos com uso de microscopia eletrônica (Jud & Manchester, 1997/ Alverson et al, 1999).
O gênero com maior número de espécies dessa família é o Hibiscus, com 300 espécies e uma das características morfológicas importantes desse gênero é a presença na sua flor de uma estrutura tubular denominada androginóforo, que engloba o gineceu e androceu, (verticilos reprodutivos), com os estames  inseridos no tubo do gineceu (Souza, Lorenzi et al, 2012).
Hibiscus pernambucensis /Tapiriri pernambucense
Destacam-se na nossa região alguns Hibiscus arbóreos utilizados no paisagismo e na arborização das cidades, como o exótico algodão-da-praia (H. tiliaceus), o nativo algodão-do-brejo (H. pernambucensis), as exóticas rosa- graxa (H. rosa-sinensis), com suas mais de 5.000 variedades e o  Hibiscus mutabilis. Dessas espécies citadas, apenas o H. pernambucensis ou Talipariti pernambucense é nativa.
As duas primeiras espécies citadas, (H. pernambucensis e H. tiliaceus) após estudos taxonômicos mais recentes, formam hoje uma única espécie, com duas variedades: Talipariti tiliaceum var. pernambucense, substituindo o tradicional Hibiscus pernambucensis e a variedade Talipariti tiliaceum var. tiliaceum, ao invés de Hibiscus tiliaceus (Fryxell, P.A., 2001).³
Outra espécie exótica da mesma família, apesar de não ser um hibisco que merece citação é a Thespesia polpunea, uma planta que é considerada “Árvore Sagrada” na Polinésia.
Essas espécies embora muito parecidas, são facilmente identificáveis pelas suas folhas e flores.
A Thespesia polpunea, (algodão-do-litoral), com 6-8 m de altura, tem folhas cordiformes brilhantes e flores amarelas passando a róseas e depois arroxeadas antes de murcharem, contendo cinco pontos escuros (vinho) no centro da corola.
Hibiscus tiliaceus / Talipariti tiliaceum
O Hibiscus tiliaceus /Talipariti tiliaceum var. tiliaceum, (algodão-da-praia), possui 10-12 m, é uma espécie originária da Índia, contendo folhas mais largas cordiformes com pecíolo  mais longo e na base da  sua flor amarela contem  mancha triangular cor de vinho e coluna estaminal branca, enquanto a nossa nativa Hibiscus pernambucensis/Talipariti tiliaceum var. pernambucense (algodão-do-mangue, ou do brejo), também possui flores amarelas, porém sem manchas ou pontuações na corola. Uma espécie higrófita de porte mais reduzido (3-6 m), muito comum em manguezais, margens de rios e na restinga. Folhas grandes, cordiformes e flores grandes e inteiramente amarelas.
Hibiscus rosa-sinensis
A popular rosa-graxa ou graxa-de-estudante, (Hibiscus rosa-sinensis), uma planta de porte menor, (3-5 m) originária da Ásia e muito comum em jardinagem, possui folhas variadas e flores de diversas matizes e formas, geralmente utilizada como sebes, arranjos ornamentais em canteiros de avenidas, parques e praças ou, eventualmente na arborização de calçadas estreitas.
Hibiscus mutabilis
E finalmente o Hibiscus mutabilis, também de porte pequeno (3-5m), conhecida popularmente como rosa-de-jericó. Originária da China, possui folhas maiores com cinco lobos recortados e flores contendo pétalas brancas ao amanhecer, depois cor de rosa e vermelhas ao anoitecer. Geralmente cultivado como arbusto decorativo em canteiros centrais de avenidas, praças e parques ou arvoretas na arborização de ruas com calçadas estreitas. 

¹ Lorenzi, Harri et al.: Árvores Exóticas no Brasil (madeireiras, ornamentais e aromáticas), Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2003.
 ² Lorenzi, Harri et al.: Árvores Brasileiras(Manual de Identificação e Cultivo de   Plantas Nativas do Brasil), Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2002., vol1, 4.ed.
³ Fryxell, P.A. 2001.Talipariti (Malvaceae), a segregate from Hibiscus. Contributions from the University of Michigan Herbarium 23: 225-270.