Do Dydimopanax morototoni ao Sparattanthelium botocudorum.
A Taxonomia Vegetal,
e ou Botânica Sistemática, o ramo da fitologia que trata da nomenclatura dos
vegetais de acordo com o Código Internacional de Nomenclatura Científica, nos
surpreende a cada momento, tanto no que se refere à sua dinâmica, com o advento
dos recursos da filogenia, que tem revolucionado os métodos de identificação
vegetal, como pelo uso da linguagem, quase sempre de origem latina. Éo ramo da
ciência que estuda a diversidade das plantas, através da sua organização em
grupos, com base em suas relações evolutivas. SOUZA&LORENZI (2008)
O
emblemático Sistema de Classificação de Engler-Diels, (1936) - Syllabus der
Pflanzen - familien, ao lado de outros botânicos notáveis, como: August Wilhelm
Eichler; (1839-1887); Antonine Laurent de Jussieu; (1748-1836); Augustin Pyrame
de Condolle (1778-1841) embasaram por muitos anos a classificação das plantas,
operacionalizada pela Chave de Classificação de Viana Freire, que se baseia,
primordialmente, em caracteres morfológicos, principalmente de folhas,
flores, frutos e sementes. Os primeiros denominados de Sistemas Artificiais,
que agrupavam as plantas utilizando critérios arbitrários, com Andrea
Caesalpino, (1515-1603), Jean e Gaspar Bauhin (1541-1624), John Ray
(1628-1705), Tornefort (1656-1708), Karl Linnné (1707-1778), o pai da
nomenclatura binária, posteriormente, os Sistemas Naturais, com Jussieu,
(1748-1836), A.P. De candolle (1778-1841) e finalmente os contemporâneos
Sistemas Filogenéticos com Eichier (1839-1887), Adolf Engler (1844-1930) e
Arthur Cronquist (1968-1981), que tratava exclusivamente dos vegetais
superiores.
Com a evolução dos estudos da genética, uso da microscopia eletrônica, as
revelações genômicas, a adoção do código de barras e com os avanços do entendimento
da base molecular da vida (código de base), na identificação das plantas, os
métodos filogenéticos reordenaram essa especialização da botânica e atualmente,
com o advento da A.P.G.II (Angiosperm Phillogeny Group / 2003), os critérios
modernos de identificação dos vegetais têm sido baseados,
principalmente,nas relações evolutivas entre os táxons. SOUZA&LORENZI
(2008)
A nossa tupiniquim pé-de-galinha, por exemplo, também conhecida por,
morototó, pau-mandioca, caixeta, parapará, sheflerão, marupá entre outros, um
elegante vegetal da família Araliaceae de porte arbóreo que vegeta nos
fragmentos da Mata Atlântica em todo o nordeste brasileiro, também encontrada
em diversas outras formações vegetais, atingindo porte de até 30m, tronco retilíneo,
folhas compostas palmatilobadas, produtora de madeira leve, própria para
marcenaria em geral, indicada para arborização urbana e em projetos
paisagísticos pela seu porte exuberante, anteriormente classificada como Didymopanax morototoni Aubl.,
está atualmente agrupada no gênero Schefflera, pela sua inserção filogenética mais
próxima. A Schefflera morototoni,
cujo aspecto de candelabro é característico, SOUZA & LORENZI (2008), em
algumas regiões do Estado de Sergipe é também conhecida por “pau-de-gaiola”
pelo fato de se extrair dos seus pecíolos foliares um bom material para
confecção de gaiolas rústicas para
passarinhos.
No Brasil, por
exemplo, temos uma espécie arbórea de pequeno porte (3-5m) pertencente à
família Hernandiaceae curiosamente batizada por Sparattanthelium botocudorum Mart que vegeta na Amazônia e na Mata
Pluvial Atlântica de restinga e tabuleiro, do Estado do Ceará até o Rio de
Janeiro. Uma árvore, bastante rústica e de crescimento rápido usada no
nordeste, apenas para produção de carvão lenha e indicada, para
reflorestamento de áreas de preservação. LORENZI, ( 2009)
Nomes curiosos são muito comuns na nomenclatura científica pela própria
latinização da terminologia adotada. Muitas vezes o nome do vegetal
identificado cientificamente homenageia as pessoas que encaminharam o material
para a identificação ou o próprio profissional que identificou, é o caso por
exemplo da espécie Acanthosyris
paulo-alvinii G.M.Barroso,
uma árvore de porte médio (12-15m), levemente espinescente,endêmica ao sul da
Bahia conhecida por mata-cacau na região LORENZI, (2009),considerada
hemiparasita da raiz do cacaueiro, levando-o a morte quando plantado
próximo à arvore. No caso a sua denominação deveu-se a uma homenagem prestada
ao Dr. Paulo de Tarso Alvim, pesquisador e coordenador do CEPEC (Centro de
Pesquisas do Cacau), em Itabuna/Ba., que estudou na década de sessenta o
comportamento dessa árvore e a encaminhou ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro
para identificação. Como a exsicata foi identificada por Graziela Maciel
Barroso, a espécie foi certificada cientificamente como Acanthosyris paulo-alvinii G.M.Barroso, vegetal pertencente á família
Santalaceae.
Muitos vegetais são identificados pelo local geográfico de sua origem,
como : Tabernaemontana
catharinensis, A. DC.( jasmim-pipoca) (Fam.Apocynaceae); Azadiractha indica A.Juss ,(niim-indiano) (Fam.
Meliaceae); Gmelina asiatica L.(guemelina) (Fam.Verbenaceae); Zantedeschia aethiopica L., (copo-de-leite) (Fam. Araceae); Fatsia japonica Thunb. (Fam. Araliaceae);
Ophiopogon japonicus L.f.(grama-preta) (Fam.Ruscaceae), entre muitos outros.
Outros pelas suas características morfológicas, como: Spondias tuberosa Arruda,
(umbuzeiro),(Fam.Anacardiaceae); por possuir raiz tuberosa onde em sua estrutura
subterrânea (xilopódio); acumula água para permitir a sua sobrevivência na
seca; Mimosa tenuiflora Poir.,(jurema), (Fam, Fabaceae) ; por
possuir uma floração tenra, sempre utilizando alguma informação alusiva.
Por: Antonino Campos de Lima - Engenheiro Agrônomo