O homem das craibeiras... |
Jornalista, escritor, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências, além de naturalista nato.
Filho de Maruim, esse jornalista sergipano inquieto já navegou por mares bravios e aportou em pleno sertão onde lançou suas âncoras no âmago do cerrado acatingado e agonizante, entre cactáceas espinescentes, como chique-chique, bromélias, catingueiras, joazeiros, umbuzeiros, aroeiras e para não deixarmos de falar de flores em pleno bioma caatinga, também ocorrem as craibeiras maravilhosas que encantou esse jornalista guerreiro.
Sergipe e até o Estado de Alagoas têm um débito de gratidão a Luiz Eduardo, não apenas pela introdução e disseminação da craibeira, ou caraibeira, “Árvore Símbolo” do Estado Alagoano, mas, através do Instituto Vida Ativa, uma Ong por ele criada em Canindé do São Francisco, que tem produzido e distribuído mudas, não apenas de craibeiras, mas também de outras espécies do cerrado e da Mata Atlântica. Em Aracaju estima-se que foram plantadas mais de cinco mil craibeiras em canteiros centrais de avenidas, praças e parques e só no ano de 2018, foram doadas pelo Instituto à Prefeitura Municipal mais de três mil mudas de várias espécies.
Uma curiosidade científica sobre craibeira, é que no clima árido do sertão essa espécie botânica (Tabebuia aurea), que pertence à família botânica dos ipês, (Bignoniaceae), portanto também considerada como um dos oito ipês-amarelo que ocorrem no Brasil, quando oriunda do semiárido e plantada no litoral sofre uma visível metamorfose fenotípica, desenvolvendo seu tronco, antes tortuoso e cascudo (4-6 m) para um fuste soberano, (12-20 m), ereto, mais liso, contendo folhas mais compridas e finas e com flores menores e menos exuberantes. Segundo os colegas botânicos da área de Fisiologia Vegetal o fenômeno da exuberância floral da craibeira sertaneja se deve principalmente ao estresse hídrico a que são submetidas essas árvores no clima semiárido.
Rememorando a nossa infância dos idos de
cinquenta, envergando a farda caqui do Ginásio Jackson Figueiredo, do Prof.
Benedito Alves Oliveira e D. Judite Rocha Oliveira, ao lado de inúmeros colegas
como: Artêmio Barreto, Nilo Lavigne, Artemísio Rezende, Delmo e Décio Aragão,
Telmo e Técio Tojal, Nestor Faro, Genaldo Rezende, entre muitos outros queridos
amigos de saudosa memória.
Eduardo Antônio Conde Garcia, filho do Dr.
Antônio Garcia Filho e de D. Waldete Conde Garcia, residente naquela época, à
Av. Augusto Maynard, por onde trafegava o bonde da Linha 2, teve uma infância
feliz, jogando bola de pano ou borracha no gramado que ficava próximo à sua
residência, ou eventualmente fazendo banca na Escolinha da D. Alba, localizada
na mesma avenida. Cresceu, adolesceu e graduou-se em Medicina pela
Universidade Federal de Sergipe (1968). Doutor em Biofísica (1975) com curso de
extensão pós-doutoral no Instituto Venezolano de Investigaciones Cientificas
(IVIC), Caracas (1976). Após esse período, desenvolveu importantes projetos de
pesquisa, alguns envolvendo produtos naturais obtidos de plantas nativas sobre
o coração de mamífero, onde tive o prazer de participar na identificação do
material botânico.
Ocupou
os cargos de Reitor da Universidade Federal de Sergipe (1984-1988), Presidente
da Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBf) (1976-1978) e da Academia Sergipana
de Medicina (ASM) (2003-2005). É ainda membro ativo da Academia Sergipana de
Letras.
Foi Professor
Titular de Biofísica e orientador do programa de Mestrado e Doutorado em
Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe, dos programas de
pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Cardiologia das Universidades Federais
do Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba.
Um
homem de invejável currículo e recordista em tempo de serviço em uma única
instituição, contabilizando quase 50 anos de trabalho na UFS como professor, onde ocupou inúmeros cargos ao
longo da sua carreira, chegando ao honroso título de Magnífico Reitor na década
de oitenta. Nessa oportunidade, tive o privilégio de ocupar por indicação dele
o cargo de Prefeito da Cidade Universitária Prof. José Aloisio de Campos. Foram
quatro anos de muito trabalho com inúmeras obras nos Campus de São Cristóvão e da Saúde.
No
final da sua gestão, tive ainda a oportunidade de lançar a semente e empreender
as primeiras e importantes medidas para a implantação do curso de Engenharia
Agronômica da UFS, criando inicialmente o NEA (Nucleo de Estudos Agrários).
O nosso
Reitor marcou a sua passagem na gestão da UFS como um profissional de
inquestionável bagagem científica, surpreendente faro administrativo, um homem probo,
solidário, justo e honesto, que ao longo de todos esse anos, ao lado da sua família,
soube com sua ilibada conduta,
deixar um legado importante para
as novas gerações.
Parabéns Eduardo Antônio Conde Garcia pela sua
exuberante trajetória, pela enorme contribuição para a comunidade universitária
e para a nossa sociedade.
30 DIAS SEM CLEOVANSÓSTENES
ODE A JOSÉ OLINO
ODE A JOÃO BOSCO DE ANDRADE LIMA
“Figura de Pêso”, na mais pura acepção da palavra, homem justo, probo, inteligente, culto, amigo, extremoso filho, amantíssimo esposo, fraterníssimo irmão, pai exemplar, nascido nas terras do Arauá, em 1907, falecido precocemente em 1980.
Era início
da década de setenta quando tudo começou para mim. Estava reunido na sala de
professores do Instituto de Biologia da UFS, localizado na Rua Vila Cristina em
Aracaju, com os professores Alexandre Gomes de Menezes Neto, Diretor à época;
Antero Palles Carozo; Gilvan Rocha; Dietrich Wilhem Todd; Lourival Bomfim; Raimundo
Araujo; Maria Auxiliadora Santos;
Antônio Garcia Filho; Eduardo A. Conde Garcia e outros colegas do Curso
de Ciências Biológicas, quando o meu
amigo Cleovansóstenes, sussurrou-me ao
ouvido que havia sido convidado para assumir a Prefeitura Municipal de Aracaju
e que precisava contar comigo para a sua equipe. De início, ainda perplexo, não
acreditava no que estava ouvindo, porém, como se tratava daquele colega
extremamente íntegro respondi-lhe, de imediato, que com certeza estaria com ele
em qualquer circunstância.
Foram
quatro anos de muito trabalho e de muita amizade. “Sóstenes”, como costumava carinhosamente
chamá-lo, sempre preocupado com as questões financeiras do município, que
herdara completamente sem recursos, e ansioso por proporcionar aos aracajuanos
uma administração dinâmica e séria.
As
pressões foram enormes de políticos locais e de parte da imprensa para que a
nossa Prefeitura atendesse às mais variadas solicitações, o que o constrangia e
o decepcionava diuturnamente, mas sempre tratando com muita amabilidade a quem
o procurava, e mesmo tendo recebido o município falido, na conclusão do seu
mandato reuniu a sua equipe de trabalho e solicitou reiteradamente que não
efetuassem despesas supérfluas, para que seu sucessor encontrasse as finanças
municipais com superávit.
Homem
sério, responsável, extremamente honesto, nunca aceitou nenhuma cortesia que
pudesse ameaçar a sua ilibada reputação. Nunca foi político partidário e
recusou por diversas vezes os convites de filiação e iniciação na carreira
política.
Cleovansóstenes
Pereira de Aguiar, filho do município de Rio Largo/AL, ex-atleta de futebol do
CRB, nascido em 16/08/1926 e falecido em 07/06/2018, Prefeito de Aracaju de
1971/74, Médico, Professor Emérito de parasitologia da UFS, pesquisador e
escritor de vários trabalhos científicos e do livro “Páginas da Vida”, membro
fundador da Academia Sergipana de Medicina, um homem acima de qualquer
suspeita, humilde, íntegro, inteligente, competente, probo, exemplar pai de
família, marido presente, pai dedicado, irmão solidário, sogro amigo,
avô-coruja, católico fervoroso, amigo de todos, um exemplo para os políticos
brasileiros e para a sua prole que com tanto carinho soube conduzir.
Faleceu
o homem, vive o médico humano, o professor dedicado, o administrador competente,
o amigo dos amigos, o pai carinhoso, o marido fiel, o orador nato, o humilde
servidor de Deus, o homem solidário, na saudade de todos os seus colegas, parentes
e amigos, que mesmo não muito próximos aprenderam a amá-lo e admirá-lo!
Siga em paz meu irmão e obrigado por ter existido entre nós e escolhido Sergipe como sua moradia!
Siga em paz meu irmão e obrigado por ter existido entre nós e escolhido Sergipe como sua moradia!
ODE A ROBERTO DA COSTA BARROS
Colega e amigo Roberto da Costa Barros, de saudosa memória, foi um Engenheiro Agrônomo inquieto, inovador, defensor incondicional do verde, verdadeiro entusiasta pela causa florestal, da arborização urbana, do ensino agronômico, sempre dedicado ao cumprimento das suas tarefas profissionais e aos seus compromissos com a sociedade.
Formado pela Escola Agronômica da Bahia (EAB), iniciou sua carreira agronômica em 1957, quando chefiava o Posto Agropecuário de Riachão do Dantas/SE, mas foi verdadeiramente quando passou a chefiar o Horto Florestal de Ibura em 1961, que se revelou o grande incentivador e protetor da Mata Atlântica em Sergipe, quando implantou a maior produção de mudas arbóreas que o Ibama, antigo IBDF, conheceu em nosso Estado.
Roberto Barros, como o conhecia, seus colegas e amigos, não se limitou apenas a plantar mudas, tratou de incentivar a sua distribuição e plantio pela maioria das cidades sergipanas, através suas prefeituras, promovendo a exposição e distribuição gratuita, para que as pessoas se sensibilizassem e adotassem uma árvore em seus jardins e quintais.
Quando Aracaju, na década de cinqüenta sofreu um enorme processo de desarborização em virtude do ataque de lacerdinhas nas figueiras ( Ficus microcarpa) do centro histórico da cidade, a Prefeitura de Aracaju, nas décadas seguintes contou com o integral apoio do colega Roberto Barros para a rearborização da capital, doando milhares de mudas de algarobeiras, mata-fomes, flamboyants, cássias-azuis, além de inúmeras fruteiras tropicais permitindo, na época, com o material disponível no IBDF, uma recuperação significativa do verde na cidade.
Roberto Barros, não se limitou apenas a cumprir com suas obrigações no exercício do cargo público, foi mais além e como todo bom soldado saia da trincheira para prestar seus relevantes serviços a sociedade, foi assim quando também assumiu a Presidência da Associação de Engenheiros Agrônomos (AEASE), de 1968 a 1970. Neste período entre muitas outras campanhas, defendeu com muita garra a criação de um curso superior de Agronomia em Sergipe, sonho realizado somente duas décadas após quando a Universidade Federal de Sergipe já mais estruturada, com o aval da própria AEASE, implantou o seu curso de Engenharia Agronômica e o seu departamento acadêmico, que tivemos o privilégio de chefiar inaugurando uma nova era das ciências agrárias no nosso Estado. Infelizmente o colega Roberto não teve a alegria de ver realizado seu antigo sonho, pois já não mais se encontrava entre nós, nos deixando em agosto de 1985, entretanto a sua semente tão carinhosamente plantada germinou e tem produzido frutos importantes.
Em 1961, assumia o cargo de Inspetor Regional Florestal do Estado, promovido em 1968 a Delegado Estadual do IBDF, onde permaneceu até 1975. Pelos relevantes serviços prestados a nossa cidade foi-lhe outorgado o título de Cidadão Aracajuano, pela Câmara de Vereadores de Aracaju.
Roberto da Costa Barros, profissional de reputação ilibada, amigo dos amigos, pai de família exemplar, deixou um exemplo que muito dignificou a classe agronômica e que precisa ser sempre lembrado para que as novas gerações possam igualmente reverenciá-lo.
No rastro da sua trajetória temos certeza de que muitos haverão de trilhar lembrando que o que se leva da vida é a dignidade, o amor e a certeza do dever cumprido.
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE PASSOS PORTO
José Passos Porto, um Engenheiro Agrônomo que dignificou a classe agronômica.
José Passos Porto, um Engenheiro Agrônomo que dignificou a classe agronômica.
Homem generoso, inteligente, versátil, nascido nas glebas de Itabaiana em 1923, desde cedo vocacionado pelos estudos das Ciências Agrárias, formado em 1946 em Engenharia Agronômica pela Escola Agronômica da Bahia, onde se tornou uma das figuras mais conhecidas da cidade de Cruz das Almas, em virtude da sua capacidade de fazer amigos.
Como Engenheiro Agrônomo, especializou-se em genética e tecnologia do algodão, pelo Instituto Agronômico de Campinas, tendo exercitado na Bahia suas atividades profissionais no Instituto Baiano do Fumo, na Secretaria da Agricultura da Bahia e na Estação Experimental do Algodão em Feira de Santana.
No Estado de Sergipe, chefiou as patrulhas Mecanizadas do Baixo São Francisco, sediadas em Propriá e posteriormente o fomento agrícola do Ministério da Agricultura, ocupando inúmeros outros cargos na capital, como: Presidente da Asa – Associação Sergipana de Agronomia, atual AEASE; Presidente da Federação da Colônia de Pescadores de Sergipe; Membro do Instituto Histórico de Sergipe, entre outros.
Grande porta-voz da sociedade sergipana e da classe agronômica na Câmara Federal e no Senado, onde teve marcante atuação como representante de Sergipe em várias legislaturas.
Passos Porto, carinhosamente conhecido por “Passito” pelos seus amigos e colegas, além de parlamentar notório conhecimento e atuação reconhecida, marcou a sua passagem por Brasília, não apenas como parlamentar mas ocupando diversos cargos como: Presidente da Associação Brasiliense de Engenheiros Agrônomos, Diretor do Clube do Congresso, Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Botânica, foi ainda Diretor Financeiro da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP) tendo nesse período se licenciado da Câmara Federal (1963/66).
Como parlamentar atuou em 05 legislaturas na Câmara Federal (1959/1975) e no Senado Federal, eleito em 1978. De 1987 a 1992, assumiu o cargo de Diretor Geral do Senado.
O saudoso colega Passito, deixa um legado importante da sua convivência entre nós, não só como Engenheiro Agrônomo atuante que sempre foi, mas acima de tudo, como homem probo, político destacado, amigo dos amigos e de conduta irretocável.
O colega Passito faz parte da galeria dos imortais da AEASE, na qualidade de ex-presidente e hoje repousa entre colegas ilustres que, infelizmente nos deixaram, como: Clélio Araújo, o assinante e mentor intelectual desta coluna, Moacyr Wanderley, Roberto Barros, Moacir Sobral, Antônio Franco, Otavio Sobral, entre inúmeros outros que, em muitos períodos da sua vida, sacrificaram os momentos de lazer com a família para emprestar a sua experiência e colocar a sua inteligência à serviço da classe agronômica e da sociedade sergipana.
Obrigado Passito, por você ter existido!
O saudoso colega Moacyr Wanderley, pernambucano de Garanhuns que adotou Sergipe como sua terra, foi um gigante na mais pura acepção do vocábulo. Um Engenheiro Agrônomo incansável que conseguiu realizar o feito de transformar um insignificante espaço rural pertencente ao Ministério da Agricultura localizado nos limites dos municípios de São Cristóvão e N.Sa. do Socorro em Sergipe, em uma notável e respeitada Estação de Pesquisas na área da zootecnia. O colega Moacyr fez muito mais, além da sua visível preocupação com o futuro da Estação do Quissamã, pertencente ao IPEAL – Instituto Agrnômico do Leste, voltou-se também para a região semi-árida do Estado, implantando inúmeros projetos de pesquisa nas Estações de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora da Glória, além de fundador do Campo Experimental de Mesinhas, município de Feira Nova.Foi um grande apologista no uso da leucena (Leucaena leucocephala) na alimentação animal, desenvolvida posteriormente pela Embrapa em Sergipe através do colega Orlando monteiro. Um dos seus sucessores na Estação Experimental do Quissamã, o Engenheiro Agrônomo José Olino A. de A. Lima, que teve na figura do Moacyr Wanderley, quando já aposentado, um grande incentivador nos revelou que o colega Moacyr foi um dos responsáveis pela Introdução em Sergipe da pecuária mista para leite utilizando o cruzamento de bovinos das raças holandesa vermelha e branca com zebus, gerando verdadeira revolução na pecuária de leite notadamente na região semi-árida. Esse fato desencadeou uma série de experimentos que posteriormente contribuíram e vieram a ser ratificados quando da criação da nova raça girolanda, o cruzamento do zebu da raça gir, com o bovinos da raça holandesa, associando a resistência do zebu, com produtividade na aptidão leiteira do gado holandês.
Moacyr Wanderley, homem de muitas habilidades, não só dominava fluentemente a língua inglesa o que lhe possibilitou cursar uma pós-graduação em Ciências Agrícolas na Universidade de College Station, em Houston, Estado do Texas, nos Estados Unidos (1943/45), nas áreas de mecanização agrícola, agricultura e zootecnia, como lecionava inglês como professor colaborador na Escola Agrícola Benjamim Constant, que ficava muito próxima á sua residência do Quissamã.
Além de pesquisador e professor, foi empresário como proprietário de dois imóveis rurais, um no Município de Nossa Senhora da Glória (Faz. Pedra Negra) e outro no Município de São Cristóvão (Faz. Malabar), locais onde pode exercitar como empresário e pesquisador seu gosto pela criação de eqüinos, principalmente das raças manga-larga e árabe e onde investiu pesado em mecanização agrícola, principalmente nas culturas de milho e algodão.
Sua vasta biblioteca era visitada por colegas, produtores rurais e estudantes de agronomia que sempre o consultava em assuntos da sua especialidade.
Como músico, outra versatilidade da sua personalidade eclética, brindava os familiares e amigos com os seus concertos íntimos de violão clássico que costumava dedilhar por partitura musical.
Apesar de residir na zona rural, na Estação Experimental do Quissamã, seu lado social nunca o impediu de participar da vida da capital, não só como sócio-fundador e posteriormente presidente da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe,(1943/45),evidenciando a sua forte personalidade classista, como ainda Comodoro do Iate Clube de Aracaju e membro da Loja Maçônica Cotinguiba
Nas raras horas de lazer, além do lado musical que o fascinava, costumava desenvolver outra das suas inúmeras habilidades que era a marcenaria, onde evidenciava uma aguçada sensibilidade nos campos da engenharia, arquitetura e escultura.
Moacyr soube viver intensamente cada minuto da sua vida e deixou para os seus familiares, amigos e colegas um exemplo de tenacidade, altivez e coerência. Quando do seu passamento precoce, que veio a ocorrer a 7 de março de 1971, ainda com 61 anos, a Associação de Engenheiros Agrônomos (AEASE), três anos após, tendo em vista o seu elevado espírito classista, solicitou que os colegas indicassem um Engenheiro Agrônomo para conceber o projeto do seu túmulo que pudesse retratar a sua trajetória entre nós e como tive o privilégio e a honra de assumir essa difícil missão tentei retratá-lo comparando-o a um bloco de granito, alto poderoso, forte e altivo, que ao ser esculpido representasse uma cruz inacabada, simbolizando a sua obra que ainda poderia ter sido maior e melhor assimilada pela classe agronômica. Contornando o bloco-monumento, com sua cruz semi-esculpida, implantada horizontalmente no solo, uma roda dentada em granito, símbolo da Engenharia Agronômica, construída sobre um gramado que simbolizava um tapete verde ; tapete pela honraria merecida e verde para exprimir o sentimento maior da sua lide profissional. Como homenagem à sua versatilidade, cultura, simplicidade, tenacidade, generosidade e bondade, na mais pura concepção, uma inscrição na lápide do concreto cravada em metal: “Aqui jaz um bom”!
Cem anos após o seu nascimento e há quase quarenta anos do seu passamento, a AEASE não poderia deixar de homenageá-lo, para que os Engenheiros Agrônomos dessa geração possam, ao reverenciá-lo dizer:
Obrigado Moacyr, por ter adotado Sergipe e pela sua enorme contribuição!
ODE A CLÉLIO ARAÚJO
ODE A MANOEL MESSIAS
Colegas, amigos, familiares, todos com
certeza haverão de lembrar e preservar a memória do nosso saudoso
Manoel, extremoso pai, fiel e solidário marido, amigo dos amigos!
ODE A CLÉLIO ARAÚJO
Clélio da Silva Araújo, engenheiro agrônomo, cronista por vocação,
verdadeiro baluarte da classe, homem de larga experiência, eterno e
vigilante soldado da Associação de Engenheiros Agrônomos em Sergipe, onde
tem sido um recordista, já tendo ocupado na maioria das administrações diversos
cargos, inclusive a sua presidência,(1976/78) e na coluna do Jornal
da AEASE, tem , com a sua peculiar forma de redação, divulgado os progressos
das Ciência Agrárias ao longo das últimas décadas.
A Pesquisa o Ensino e a Extensão Rural, sempre foram os seus alvos
prediletos.
Incansável operário das causas fundiárias, o Clélio tem se
revelado um grande comunicador da classe.
Do meu amigo Clélio, com quem tive o prazer e o privilégio de
conviver desde os idos de cinqüenta, ainda adolescentes, no velho Atheneu
(Colégio Estadual), onde varias gerações estudaram, o Atheneu de “Seu Domingos
(”sarritiri incontinentimenti da sala”),no caso, a famosa sala quinze; do
“Manezinho”; do “Seu Epaminondas”; do Prof. “Manuca” (Nosso polêmico Diretor) e
ao lado de colegas, amigos e familiares como seus irmãos: Cleobaldo e
Clemisson; Antônio Bernardo e José Olino, meus primos e nossos colegas, José
Carlos Mota (Siri), filho de “Seu Elígio”, Wnilton e Heldo Ferreira, filhos de
“Seu Abílio”, “Cacai” (Antonio Carlos Oliveira Araújo), Carlos Alberto
Nascimento Andrade ( “Cana”), “Ari” (Ex-Tropeiro), Cleandro Barreto (“Neném),
“Miquita”, Geraldo Chagas Ramos, Edson Barreto, Carlos Augusto Luduvisse,
(Gugú), de saudosa memória, nas tardes esportivas de partidas
preliminares no Batistão.
Do Clélio, nas “peladas” da “Baixa Fria”, dos aprontos coletivos
do Vasco, no Campo do Tobias, sempre muito sóbrio, recatado e solidário.
Do colega Clélio, já na década de sessenta, ainda estudante de
agronomia, na velha EAB, nas terras de Cruz das Almas, no recôncavo baiano,
hoje Universidade Federal do Recôncavo, captando seus primeiros conhecimentos
da engenharia agronômica, cercado pelo carinho de inúmeros colegas sergipanos,
como Manoel Messias Santos, Wellington Soares, Sílvio de Carvalho Salustino,
Antônio Viana e Paulo Viana, Luis Alberto Siqueira, Luis Simões, José Trindade,
Geraldo Soares Barreto, Geraldo Melo, Etélio de Carvalho Prado, Raimundo dos
Santos Barros, Dalmo Brito Seixas, Hélio Vasconcelos Cardoso, entre outros
conterrâneos que compartilharam com o Clélio, muitas vezes salvando-o de
inconvenientes trotes na fase de calouro, como o famoso “banho de consciência”
ou exercitando com ele a “deglutição” da temível sopa de nomes
científicos nos estudos da Botânica Sistemática do Prof. Geraldo Carlos Pereira
Pinto(“Geraldão”) ou da Anatomia Comparada do Prof. Afonso
Ramos.
Hoje, sexagenário, o nosso colega continua um entusiasta dos
avanços das Ciências Agrárias, verdadeiro apologista da classe sempre
disponível para enfrentar os desafios que se nos apresenta a prática
profissional.
Finalmente, nessa trajetória de meio século, o destino sempre nos
colocou no mesmo caminho. Nos idos de setenta, enfrentando os desafios da
administração municipal, novamente voltamos a nos encontrar, quando nos
substituía na direção do DSU (Departamento de Serviços Urbanos do Município),
realizando excelente trabalho, tendo á partir daí ocupado inúmeros cargos na
administração estadual, como a Presidência da Energipe e da Comase, além de
muitos outros não menos importantes.
A AEASE, ao inaugurar a reforma da sua belíssima sede, rendeu-lhe
uma justa homenagem batizando o seu espaço para festas com o nome de
Clélio Araújo, reconhecimento pelos bons serviços prestados.
Seria, portanto, extremamente injusto que o “escriba da AEASE”,
que em tantas oportunidades enalteceu com muita propriedade, os avanços da
classe agronômica, não fosse lembrado como a verdadeira “prata da casa”.
Era uma vez um menino,
filho do Sr. Alípio e de D. Raimunda, que nascido e criado em Boquim, no Estado
de Sergipe, e nas terras da Fazenda Barra, em Pedrinhas, onde, empolgado com a
maravilhosa vida de campo, cavalgava em pêlo pelas estradas da região, pegando
passarinhos para melhor ouvir seus cantos, consumindo o leite fresco,
diretamente do peito da vaca, das frutas deliciosas colhidas nos sítios
da vizinhança, desfrutando daquele ar puro e da bela paisagem que emoldurava o
horizonte e conspirava pela sua fixação no campo, das caçadas de passarinhos
com as famosas baleadeiras, terminou tendo que interromper essa vida
paradisíaca para mudar-se juntamente com seus pais e irmãos para a vida
tumultuada da capital. Era chegado o momento de avançar nos estudos e na
terra natal não havia meios apropriados para a sua aprendizagem e a dos seus
irmãos em número de nove. Esse menino sensível não teve outra alternativa senão
enveredar pelos estudos e pelo esporte, notadamente futebol, praticado nos
campos de pelada da baixa-fria, que ficavam próximos á sua residência. Por
sorte, quando ainda na adolescência pode desfrutar da sua morada urbana da Rua
Porto da Folha 576. Como ele descrevera na sua crônica intitulada: A casa da
rua Porto da Folha, 576.
Adolescência feliz,
desfrutando da pitoresca convivência no Atheneu Sergipense do tempo de manuca o
famoso Diretor, dos Bedeus: Sêu Epaminondas, Manezinho e Seu Domingos da famosa
Sala 15, do irmão Cleobaldo e dos colegas, entre os quais me incluo, que, juntamente
com ele pulavam o muro do colégio para jogar a pelada no Campo Adolfo Rolemberg
, que ficava ao lado do Colégio Estadual. Das emocionantes disputas
futebolísticas do campeonato juvenil, no Batistão, defendendo e ou disputando
comigo, o arco do Juvenil do Vasco, na época denominados de pupilos de Jaime de
Sousa Lima, ao lado de seus irmãos Clemisson e Cleobaldo, atletas do mesmo
time.
O menino cresceu,
adolesceu e tornou-se homem, sempre mantendo a esperança de retornar ás origens
e não teve dúvidas quando optou pela Engenharia Agronômica, era a chance de
retornar ao campo e exercitar as suas aptidões rurais, que tanto o marcara na
infância.
Conhecimentos no campo da
Agronomia. Cruz das Almas, no recôncavo baiano, foi berço dos conhecimentos em
ciências agrárias. Lá estava a EAB (Escola Agronômica da Bahia), trazida de São
Bento das Lages pelo então Governador Lomanto Júnior em 1943, altiva,
monumental, com seus prédios uniformes e arquitetonicamente bem distribuídos,
implantado no meio de um planalto, cercado por árvores frondosas e extensos
gramados, com seu bosque aromático de Eucalyptus citriodora, com seu imenso
pomar citrícola na entrada, pastagens, fruteiras de muitas variedades, casa de
vegetação, laboratórios, auditórios, salas de aula, campo de futebol,
alojamentos, refeitórios, enfim toda uma infra-estrutura que saltava aos olhos
de todos que ali chegavam. Quatro anos de lutas, enfrentando as feras das
Botânicas, Anatomia Animal, Químicas, Sociologia Rural, Fitopatologia,
Entomologia, Meteorologia, Laticínios, Solos, Horticultura, Agricultura
Especial, Economia Rural, enfim toda uma gama de disciplinas que formavam a
grade curricular.
O Engenheiro Agrônomo
Clélio da Silva Araujo, agora, finalmente com o diploma na mão, tratou de
arregaçar as mangas e cair em campo. Ocupou inúmeros cargos importantes na
administração estadual e Municipal, como: Diretor Presidente da Comase; Diretor
do Departamento de Serviços Urbanos da Prefeitura Municipal de Aracaju; Gerente
de Comercialização do PRONESE; Diretor Presidente da COHIDRO; Diretor
Presidente da ENERGIPE; Coordenador de Assuntos Fundiários da ENDAGRO; Diretor
da EMSURB e inúmeros outros não menos importantes.
Sergipense, estudávamos na
mesma sala, disputávamos, como aprendizes de goleiro, o mesmo arco do juvenil
do Vasco, ambos enveredemos pelos caminhos da agronomia e fomos contemporâneos
em Cruz das Almas e na vida profissional, ocupamos cargos similares na
administração municipal (Diretoria do Dep. De Serviços Urbanos da PMA), e
finalmente na AEASE, termina a sua caminhada ao meu lado, como meu parceiro no
Departamento de Divulgação e Imprensa, onde, com seus dotes de poeta e
cronista, na sua coluna “A Prata da Casa”, soube tão bem enaltecer as
qualidades de muitos dos nossos colegas e comentar com maestria a evolução da
Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe e as atividades rurais do nosso
Estado.
Na AEASE, casa que nutria
verdadeira paixão, ocupou todos os cargos de diretoria, desde a sua presidência
em 1976/78, até o de Departamentos, contanto que pudesse ajudar de alguma
forma. Foi seu fiel escudeiro, seu maior divulgador e em sua coluna pode
exercitar a sua veia poética em várias oportunidades, como o comentário feito
após a inauguração da nova sede que o homenageou com o seu nome no espaço de
lazer: “A nova AEASE tem um compromisso especial com os novos engenheiros
agrônomos e estes com ela. Um pacto de caminhar juntos fazendo da tenacidade a
força maior para avançar na busca de maiores conquistas para a sociedade
brasileira. Estamos recebendo o bastão de uma geração que singrou mares,
venceu tormentas, driblou icebergs e chegou a porto fazendo desembarcar a
certeza e a glória do dever cumprido.”
A Nova AEASE é o novo
porvir, é desafio, é esperança, é compromisso. (Clélio Araújo).
O meu saudoso colega
Clélio da Silva Araujo, apesar da sua humildade, soube conduzir com maestria
essa sinfonia orquestrada que a vida se lhes apresentou, foi comedido, quando
precisava , impetuoso nas horas tempestuosas e um gigante nos momentos oportunos.
Seu passamento deixou
consternada toda a classe agronômica de Sergipe e a sua Coluna denominada “A
Prata da Casa”, editada no Jornal da AEASE, agora emudecida, será sempre
lembrada por todos que fazemos a Associação de Engenheiros Agrônomos.
Feneceu o homem, o poeta
vive!
ODE A MANOEL MESSIAS
Triplamente sergipano natural de Itabaiana, Cidadão Aracajuano,
Cidadão Freipaulense, o 9º dos vinte filhos do Sr. Manoel do Volta e de D.
Jovelina, irmão do não menos querido colega Francisco Alves, colega
e amigo de muitas lutas, meu companheiro da República Atalaia, ainda nos idos
de 1962/63, na doce cidade de Cruz das Almas, localizada no recôncavo baiano,
onde ao lado de outros amigos e colegas, Orlando e Gumercindo Kruschewsky,
Wanderley, Leãozinho, João, nos preparávamos para o temido vestibular da EAB
(Escola Agronômica da Bahia), cursando o terceiro científico no Colégio Alberto
Torres.
Sempre muito social, orador nato, participava de todas as
atividades e tinha invejável círculo de amizades. A sua vocação agronômica,
fruto da convivência de campo desde a tenra idade, ao lado da família na
conhecida Fazenda Volta localizada em Frei Paulo / SE, deu-lhe com certeza
larga experiência zootécnica.
Na Escola Agronômica, (1963/66), participou ativamente de todos os
movimentos político-estudantis da época, pois trazia no sangue forte componente
vocacional para a política.
Durante os quatro anos de convivência na Escola, ao lado de Silvio
Carvalho Salustino e Welligton Soares, colegas sergipanos, formávamos um
quarteto muito unido em perfeita sintonia, com todos os demais colegas
de turma e de outras turmas.
Sua vida profissional em Sergipe foi marcada por atuações
importantes em diversos Órgãos da administração pública, como INCRA, COMASE,
Secretaria de Estado da Agricultura e principalmente na CSL-Cooperativa
Sergipense de Laticínios onde foi o principal gestor durante 23 anos. Na
iniciativa privada ainda participou da administração da Empresa de Transporte
Nossa Senhora de Fátima pertencente ao sogro Josino José de Almeida.
Manoel sempre esteve muito presente na nossa AEASE (Associação
de Engenheiros Agrônomos de Sergipe), não só como Presidente (1970/71), mas
contribuindo bastante com a sua experiência no Conselho Deliberativo em varias
gestões e em outras atividades durante mais de quarenta anos, lutando
pelo engrandecimento da agricultura, da pecuária e da classe agronômica no
Estado. Como não poderia deixar de ser, foi ainda candidato a Deputado
Estadual em 1990, evidenciando a sua vocação nata para a política
partidária.
Como expert em zootecnia, participou ativamente como árbitro de
gado Zebu pela ABCZ, como membro da Associação Brasileira de Criadores de Zebu,
de Gado Pardo-Suiço e de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador. Era um
apaixonado pelo campo!
Infelizmente nosso colega Manoel nos deixou precocemente em
29/11/2013, abrindo enorme lacuna para sua família, irmãos, sua dedicada esposa
Valdeci com quem foi casado durante quarenta e seis anos e seus quatro
maravilhosos filhos.
ODE A JOSÉ OLINO
Como diz
o ditado “as boas árvores sempre produziram bons frutos” e foi o que aconteceu
com o colega José Olino.
José
Olino Almeida de Andrade Lima é filho do Desembargador João Bosco de Andrade
Lima e de D. Maria Inês Almeida de Andrade Lima, Neto do Cel. João Neto,
sobrinho do Prof. José Olino e dos Engenheiros Agrônomos Urbano Neto e Edmilson
Machado, todos com notáveis participações na vida cultural e social
sergipana.
Um
profissional que desde a sua infância, quando mal dava os primeiros passos na
paradisíaca Fazenda São João do Tuim, propriedade familiar, em Arauá/SE, local
onde nasceu em 06 de janeiro de 1943, já despertava a sua vocação para o campo.
Na sua
adolescência, durante as férias escolares, sempre montado no lombo do seu
piquira pampinho já ajudava os vaqueiros da fazenda a prender o gado e ordenhar
as vacas paridas. Era o início da sua vocação agronômica, os primeiros passos
que se desenhavam de forma marcante para sua formação profissional na área de
zootecnia.
Formado
em Engenharia Agronômica pela tradicional Escola Agronômica da Bahia em 1965,
José Olino logo de imediato tratava de consolidar a sua trajetória acadêmica
iniciando pós-graduação a nível de mestrado (MS) em Tucson na Universidade do
Arizona (EEUU), na área de Nutrição Animal. Foram 02 anos de muita pesquisa e
muito estudo!
Retornando
ao Brasil em 1968, já com o título de mestre, iniciava a sua carreira
profissional na Estação Experimental de Quissamã, como pesquisador do Instituto
de Pesquisas Agropecuárias do Leste (IPEAL).
Em
abril de 1971 foi convidado a exercer o cargo de Assessor de Pesquisa da
Secretaria de Agricultura da Bahia, posteriormente, foi nomeado Diretor da
Coordenação de Pesquisa e Extensão Rural (CPER). Ainda em 1971, ingressava na
Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia como professor ministrando
a disciplina "Alimentação dos Animais Domésticos";
Inicialmente,
de 1968 a 1975, Coordenador de Pesquisa e Extensão da Secretaria de Agricultura
da Bahia (CPER). Em 1975 foi colocado à disposição da Embrapa, retornando à
UFBA em 2003; e incorporado em 2006 ao corpo de docentes da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
De 1975 a
1977, foi Chefe da Unidade de Execução de Pesquisas de Quissamã e também Chefe
da Representação da Embrapa em Sergipe, cumulativamente; Em 1978, José Olino
foi designado Assessor Técnico e um ano depois nomeado Diretor Técnico da EPABA
(Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia); Em 1980 foi nomeado Diretor
Técnico do IPABA (Instituto de Pesquisa Agropecuária da Bahia), passando a
presidi-lo até o ano de 1984, retornando neste mesmo ano à Diretoria Técnica da
Instituição.
Em 1987, designado
como Responsável pela Estação Experimental do Quissamã em Sergipe; De 1988 a
1991, nomeado Diretor da EMPEASE (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Sergipe);
De 1993 a 1995, Líder de Projetos; De 1995 a 1999, Chefe Geral da
Embrapa Tabuleiros Costeiros em Sergipe.
Instalou as Unidades de Pesquisa: de Quissamã em Sergipe, em Feira
de Santana, Ribeira do Pombal, Irecê, Vitória da Conquista, Salvador, Conceição
do Almeida, Itaberaba, todos na Bahia e a UEP Rio Largo em Alagoas.
Além de
tantos cargos ocupados, José Olino participou, ao longo da sua vida
profissional como membro de diversos Conselhos importantes como os da
EMATER-SE, CREA/BA, EMATERBA, CONCIT e PRONAF, contribuindo decisivamente com a
sua experiência profissional.
Foi distinguido publicamente como profissional notável em diversas
oportunidades da sua vida, por Instituições importantes como: Associação de
Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE), Secretaria da Agricultura de
Sergipe e da Bahia, na EMBRAPA, onde no lançamento do 1º Livro sobre a História
da instituição, José Olino foi lembrado ao receber do presidente uma cópia
autografada que dizia:” a você José Olino que ajudou a construir essa história
desde o início”, além de ter participado de importantes Missões Internacionais
no Massachusets Institute of Tecnology (MIT) Boston
(USA), Bogotá (Colômbia); Senegal e Mali (Àfrica), França e (ICRISAT) Índia.
Participou de dezenas de atividades de Extensão como assistente e
ou debatedor em Minas Gerais (UFMG) Viçosa e em Juiz de Fora, Bahia, Alagoas,
Ceará, Piauí e Sergipe, sempre contribuindo para o engrandecimento da pesquisa
e do desenvolvimento da agropecuária.
José Olino além de toda essa enorme contribuição produziu e
publicou mais de uma dezena de artigos técnicos sobre pesquisa, principalmente
nas áreas de nutrição animal e pastagem.
Nos últimos quatro anos o Professor José Olino, colocado à
disposição da Universidade Federal de Sergipe, prestou importante contribuição
como docente nos cursos de Zootecnia e de Engenharia Agronômica na sua área
especializada.
Hoje já septuagenário o colega José Olino aposentado de fato e de
direito tem se dedicado a iniciativa privada com a consciência plena do dever
cumprido.
Da minha parte, como colega, amigo e primo-irmão, resta-me
reconhecer que tem sido um enorme prazer e um grande privilégio ter participado
da sua trajetória e da sua intimidade ao longo de tantos anos.
José Olino, marido, pai e avô exemplares, amigo dos amigos, homem
probo de conduta ilibada só dignifica a nossa família e toda a classe
agronômica sergipana e como não poderia ser diferente sempre estará, juntamente
com os nossos colegas vencedores no pódio da Prata da Casa da nossa AEASE.
Parabéns, campeão!
ODE A JOÃO BOSCO DE ANDRADE LIMA
“Figura de Pêso”, na mais pura acepção da palavra, homem justo, probo, inteligente, culto, amigo, extremoso filho, amantíssimo esposo, fraterníssimo irmão, pai exemplar, nascido nas terras do Arauá, em 1907, falecido precocemente em 1980.
Tivemos o privilégio de conviver com “Tio João
Bosco”, como carinhosamente o chamávamos, desde a década de quarenta, quando
ainda com tenra idade acompanhava meus pais até a casa da rua da frente onde
residia na época João Bosco, o irmão mais novo de meu pai.
Todas as visitas realizadas,
ele, em sua casa invariavelmente me recebia com um largo
sorriso nos lábios e muito carinho, determinando a José Olino, o seu quinto filho, quando ambos, apenas
tínhamos três anos, que me emprestasse o seu velocípede em forma
de
cavalinho, disputadíssimo na época, para que juntos pedalássemos pelos
passeios largos da Avenida Barão de Maruim. Foi o início de uma amizade
fraternal que perdura até os dias
atuais, após seis décadas de convivência e de coincidências, já que ambos enveredamos
pelas ciências agronômicas , casamos com baianas e sempre tivemos uma grande empatia.
João Bosco, ao lado de José Olino e Urbano,
seus irmãos mais velhos, nos legaram essa herança de fraternidade, estendendo
para toda a família esse sentimento de amizade e solidariedade.
Raros os domingos em que a família por algum motivo muito forte não se
reunia, principalmente em nossa casa, certamente por ser a sede de um sítio
localizado na Rua Zaqueu Brandão, onde hoje funciona o Colégio Professor José
Olino, para um almoço informal. João
Bosco, Maria, minha madrinha, Urbano, D. Aninha e mais vinte primos, doze de João
Bosco e oito de Urbano, que alinhados aos cinco de José Olino, formavam uma
família feliz de trinta e um membros. Era uma festa!
No período junino, montávamos uma enorme fogueira com troncos (estipe) de
coqueiro e muitas bandeirolas coloridas e curtíamos, embalados pelos discos de
vinil da antiga vitrola, as musicas de
Luis Gonzaga. João Bosco era um só sorriso, deliciando as guloseimas da festa, e
sempre reclamando a minha mãe a quantidade que lhe era servida de doces – Nina, traga meu doce até agora só me
trouxeram a amostra!. Pamonhas, pés-de-moleque,
canjicas, doces os mais variados, refrescos de mangaba e jenipapo, já que os
Lima não eram muito afeitos a licores ou outras bebidas alcoólicas. A gente era feliz e não sabia...
Segundo João Epifânio, meu irmão mais velho, sobre João Bosco: “Sua vida
como profissional jurídico iniciou-se em 1924, quando, ainda estudante, exerceu
a função de Promotor Público em
Estância. Em 1930, contava apenas 23 anos de idade, foi
nomeado Juiz de Direito da Comarca de Vila Nova, hoje Neópolis, ocasião em que,
segundo se diz, teria sido talvez. o Juiz mais moço do território brasileiro.
Dali foi transferido para Anápolis, a atual Simão Dias, de onde, logo depois,
veio a ocupar igual cargo na cidade vizinha de Lagarto”.
Na Faz. Tuim, localizada ao lado da
cidade do Arauá, onde nasceram José Olino, Urbano e João Bosco, depois seu proprietário e ainda hoje pertencente á sua família,
junto com os primos, desfrutamos de
belos momentos de pura felicidade, tomando banhos no rio,(Riacho da parida),
prendendo o gado, tomando o leite recém ordenhado e ainda quente, junto com os
vaqueiros, colhendo saborosos frutos nos cajueiros, jaqueiras, mangueiras,
laranjeiras, comprando cabrestos de sizal, tucum, ou “crauá” (caroá), aos
sábados, na feira do Arauá, comendo raspas de requeijão da fabrica de Paulo, ouvindo
á noite, no clarão da lua, as estórias de assombração , contadas pelos empregados
da fazenda, na varanda da casa grande, enfim, curtindo intensamente as férias
de meio e final de ano.
Tio João Bosco, ao lado de Tio Urbano,
meu colega e padrinho, foram os responsáveis pela nossa vocação agronômica,
atualmente somos seis agrônomos na família Lima, já que Urbano Neto o nosso
maior inspirador, também já nos deixou.
A família Lima, cumprindo à risca o mandamento
crescei e multiplicai,tanto proliferou, constituindo um verdadeiro clã, somando
atualmente a casa de mais de duzentos
primos, alguns infelizmente já se reuniram aos três irmãos, mas nos resta pelo
menos esse sentimento plantado pelos três que carinhosamente procuramos
cultivar.
De João Bosco, as lembranças da sua
generosidade, da sua voz inconfundível empunhando o microfone da estação de rádio amador, PY6¨RP, na sua residência á Rua de Própria
125, esquina com a Rua de Lagarto, da sua habilidade nos jogos de paciência, da
sua austeridade e seriedade no cumprimento das suas funções como juiz de
direito e desembargador, do seu refinado gosto pela fotografia, da sua
competência como professor da Escola de Comércio, das suas poesias e artigos
jurídicos memoráveis, do apurado gosto pela eletrônica e da inquestionável
competência que indubitavelmente o colocou entre as figuras mais importantes da
nossa terra.
Como fervoroso católico que sempre foi, ao lado dos irmãos, todos
ex-seminaristas, com certeza deve, a essa altura usufruir das benesses do paraíso acompanhados
dos irmãos que tanto amou em vida e rodeado pelos familiares e amigos que já se
foram e que tanto o admiraram.