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As florestas tropicais brasileiras e seu dossel

A maior biodiversidade de formas de vida das florestas tropicais, cerca de 65% encontra-se no dossel das árvores, que é a camada mais alta da floresta cuja cobertura atinge de 30 a 60 m. e tem grande influência na regeneração das espécies de porte menor, além de proteger os solos da chuva erosiva.

O recorde arbóreo do planeta está na América do Norte com as gigantescas sequoias que chegam a atingir mais de 100 m de altura, já no Brasil temos nas florestas tropicais da Amazônia árvores como o angelim-vermelho (Dinizia excelsa Duck), da família Fabaceae (Leguminosae), com 88 m de altura, descoberta recentemente na Floresta Estadual do Paru, além de dezenas de outras espécies que superam a marca de 50 metros, à exemplo do jequitibá-rosa, a sumaúma, a castanha-do-pará, a peroba-rosa, a gameleira-brava, entre outras espécies.

As florestas brasileiras ocupam aproximadamente 60% do nosso território e o Brasil é o segundo país do mundo com mais áreas florestais, ficando atrás somente da Rússia.

A Amazônia é um dos biomas mais importantes do mundo, representando aproximadamente 30% das florestas tropicais do planeta.

A Mata Atlântica, por exemplo, apesar de muito desmatada, ainda preserva grandes áreas e atualmente ocupa aproximadamente 13% do território nacional e se encontra presente em 17 estados brasileiros e apesar de muito fragmentada, ainda abriga mais de 20 mil espécies vegetais, constituindo uma das maiores biodiversidades do mundo.

As plantas também se movimentam

 

      Apesar da sua aparente imobilidade, os vegetais  executam movimentos quando estimulados por agentes externos, ou internos, como a àgua, a luz , agentes mecânicos e  outros  e em decorrência, são classificados  como , tactismos, tropismos  ou nastismos.

Tactismo, acontece quando ocorre movimento de todo o organismo, por exemplo, quando as algas buscam a luminosidade, aproximando-se ou afastando-se da superfície da água de acordo com o horário do dia.

Tropismos e nastismos se referem aos movimentos de órgãos das plantas. Diferenciam-se porque o tropismo depende da direção do estímulo (ex: o caule se curva para a luz que vem de uma janela), enquanto que o nastismo depende da intensidade do estímulo.

Pode-se dizer que os nastismos são movimentos reversíveis que se relacionam à curvatura da planta. Um bom exemplo  é o da erva  conhecida como sensitiva ou dormideira (Mimosa pudica), que fecha seus folíolos por meio de uma ação mecânica. Além disso, no tropismo acontece uma distribuição desigual de auxina entre os lados da planta, fazendo com que um dos lados cresça mais lentamente que outro.  As auxinas são os compostos que provocam o alongamento nas células dos brotos de plantas.

Movimentos locomotores:

Tactismos - causados por estímulos externos e encontrados em seres geralmente unicelulares , hoje classificados nos Reinos Monera ou Protista - que fazem com que o corpo inteiro do indivíduo mude de lugar. Ex: Reino Protista, ou unicelular).

Os tropismos por sua vez, são classificados de conformidade com a fonte do estímulo, Fototoprismo, e também Heliotropismo, em direção a luz; Geotropismo, quando em direção ao solo, à exemplo das raízes, Quimiotropismo, em busca de água ou minerais do solo; Haptotropismo ou Tigmotropismo, quando as plantas se enrolam com suas gavinhas em direção a troncos ou paredes para se fixarem.

Existem, também movimentos classificados de acordo com a fonte de estímulo que os produz: Ainda enfocando o nastismo ou nictinastia : fotonastia (abertura e fechamento dos estômatos, ex: rainha-da-noite), termonastia (ex: onze-horas) e higronastia (ex: as folhas de algumas plantas ficam  murchas durante o dia e mais exuberantes à noite).

Haptonastia ou tigmonastia - ocorre nas plantas carnívoras que se fecham quando tocadas por algo sólido ou quando um inseto pousa sobre elas.

Quimionastia - as mesmas plantas carnívoras têm o seu movimento de fechamento acelerado pelo estímulo químico depois da captura do inseto.

http://www.jardimdeflores.com.br/CURIOSIDADES/A38plantasemove.htm

Elocubrações Gongóricas

Desde a minha adolescência, sempre fui fascinado pela literatura medieval ou quinhentista (1561/1627).

A Escola Gongórica, capitaneada por Luis de Góngora e Argote, intelectual espanhol da Idade Média, que liderou o estilo que valorizava a forma de redação, em detrimento do seu fundo, nos induziu a sua apreciação pela riqueza de vocábulos.

Góngora em suas incursões linguísticas transbordava conhecimento utilizando figuras metafóricas, às vezes hiperbólicas ou prosopopeias, sem a mínima preocupação com o real significado do texto.

Ao longo das minhas modestas andanças pela seara literária vieram-me à mente, trechos de memoráveis discursos proferidos pelo colega Engenheiro Agrônomo Altenides Caldeira Moreau, na Escola Agronômica da Bahia, localizada em Cruz das Almas, ainda na década de sessenta quando cursávamos Agronomia. Moreau esbanjava a verborreia em frases memoráveis, como: “Os homens se contendem pelas protuberâncias conexas da apologética.”

Outros não tão gongóricos, diria, mais para “Barroco Científico” nos brindou Euclides da Cunha (1866-1909) em sua obra prima Os Sertões, onde Euclides, um militar e republicano polêmico, recrimina o ufanismo exacerbado da sociedade brasileira da época. Nessa fase sua obra deu início a um período literário cognominado Pré-Modernismo. Euclides dividiu sua obra, Os Sertões, uma narrativa poderosa do conflito histórico da Guerra de Canudos, em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. Referindo-se ao Homem, assim descreve Euclides: “O sertanejo é, antes de tudo um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral”.

Na minha passagem por Cruz das Almas, nos idos de sessenta, ainda jovem e cursando o 3º ano científico no Colégio Alberto Torres, tive o privilégio de conhecer o Professor Floriano Mendonça, que lecionava Português no colégio e Entomologia na Escola Agronômica e naquela oportunidade tentei exercitar um final de texto próximo, não exatamente ao gongórico, mas para barroco científico. Certa feita, no transcorrer das aulas de português, o professor nos desafiou ao passar para a classe um trabalho sobre o Poeta Castro Alves, como já conhecia suas obras geniais, embora superficialmente, debrucei-me sobre o porão do “Navio Negreiro” e mergulhei nas “Espumas Flutuantes” e após redigir uma folha inteira de papel pautado, conclui a dissertação, enaltecendo o poeta, dessa forma:

Hoje, no lúgubre Campo Santo, limitado a um tétrico sarcófago, seus despojos jazem. O transpasse paralisou a matéria, todavia a sua magnifica verbi o imortalizou.


Feneceu o homem!

O poeta vive!

O fato me valeu uma nota máxima e certamente me foi também útil no julgamento da prova de português do meu vestibular, sem contar com o prestígio obtido e inegavelmente importante, com o querido mestre nas notas da disciplina Entomologia Agrícola do curso universitário da Escola Agronômica da Bahia.

Retornando a um aparente formato de gongorismo plebeu e na verdade, corroborando com que costumava repetir o primo Euler Pizzi, de saudosa memória: “No cotidiano da nossa existência, não há nada como não resta dúvida e assim como são as pessoas, são todas as criaturas. Afinal de contas, nessa vida, invariavelmente, tudo é lucro, é só não cair no artigo, nem proceder”.

 

Antonino Campos de Lima.


A curiosa estória do baobá que ressucitou

O baobá, uma árvore exótica, também conhecida por embundeiro, ficheiro, oriunda do continente africano, cujas características são o fato de possuir o maior caule em espessura do mundo (mais de 20m de diâmetro) e pela sua longevidade (mais de 5.000 anos de vida), apesar de possuir um crescimento nunca superior a 30m de altura, ao contrário das sequoias que atingem mais de 100 metros, produz grande quantidade de sementes, suas folhas são comestíveis, sua polpa é consumida em bebidas com leite ou agua e seus frutos são utilizados, na sua região de origem, como cuias. Por conta da sua dimensão, os nativos africanos costumavam utilizar seus troncos ocos para as suas reuniões tribais e seus cultos.

Assim como ocorreu na obra prima literária do Pequeno Príncipe,  produzida por Antoine de Saint-Exupéry, um escritor aviador francês, publicada em 1943, que conta e estória de um principezinho que habita um asteroide no espaço e que precisava resolver o problema do seu asteroide que estava sendo invadido por baobás.

No caso brasileiro, ocorreu há alguns anos quando um cidadão habitante de Aracaju resolveu plantar uma muda de baobá em seu jardim, localizado na Av. Augusto Franco em Aracaju/SE.

O babá cresceu e ameaçava tombar sobre parte da sua residência, então o proprietário preocupado com o risco resolveu cortar a árvore, apesar do enorme sentimento da família que apreciava seu belo tronco, preservando em casa apenas uma parte desse tronco sem raízes, para servir de base para vasos, em local pavimentado. Depois de alguns dias, qual não foi à surpresa da família quando observou que o tronco serrado emitia algumas raízes, mesmo estando em área pavimentada.

Diante da insistência do baobá em sobreviver, o proprietário nos consultou sobre a possibilidade desse tronco voltar a viver e orientamos o seu replantio na mesma área onde se encontrava e ele voltou a emitir raízes, ramagens e folhas e hoje ocupa seu antigo local onde vegeta deslumbrante e imponente.


plantas Afrodisíacas

 

São centenas de vegetais que possuem poderes capazes de estimulação do libido e geralmente utilizadas sob forma de infusão (cascas), consumidas misturadas a aguardentes, ou sob outras formas.

Esses vegetais eróticos já são citados há muitos séculos desde Plinio, naturalista latino do século I e do seu conhecido contemporâneo Dioscórides o notável médico grego.

Atualmente temos conhecimento de que grande parte dos produtos farmacêuticos conhecidos de natureza erótica contêm derivados de plantas. SANGIRARDI Jr., 1981/1984.

As catuabas, por exemplo, são plantas energéticas, nativas do Brasil, cujo nome é de origem guarani que apresentam diversas peculiaridades, conforme a região e variam de espécies e até de famílias, como é o caso de: Amenopaegma miradum e A. arvense, da Familia Bigoniaceae no Brasil central; Erythroylum vacciniifolium, conhecida popularmente por E. catuaba, no Ceará; Pouteria spp., Familia Sapotácea no Maranhão e Trichilia catigua da Familia Meliaceae, na Bahia e na Amazônia.

Outras também afrodisíacas são: Hibiscos cannabinus, Familia Malvaceae, comum na região do vale São Francisco, o nó-de-cachorro (Hetero pteris) da Familia Malpighiaceae em Mato Grosso, o cipó-cravo (Thinanthus spp.) Familia Bignoniaceae, no estado da Guanabara; Ptychopetalum sp., Familia Olacaeae, na Amazônia, popularmente conhecidas como “muirapuama”, extraída de hastes e raízes de plantas jovens.

O conhecido amendoim Arachhys hypogea Familia Fabaceae (Leguminoseae) é também tradicionalmente considerado como afrodisíaco.

Essas plantas citadas contêm na sua maioria, componentes químicos como: alcaloides, taninos, óleos aromáticos, fitoesteróis, sesquiterpenos, flavonoides e outros princípios que as credenciam a fazer parte do elenco das plantas eróticas.


A sequoia-gigante

Talvez sejam, não só as árvores mais altas do mundo atual como também os mais altos organismos vivos. Podendo viver por mais de 2 mil anos, calcula-se que uma sequoia possa atingir mais de 110m de altura e até 9m de diâmetro. Possuem copas cônicas quando jovem e colunar quando adultas. Tronco com casca escura marrom-avermelhada e sulcada, folhas espiraladas, Inflorescências (estróbilos) com flores masculinas e femininas na mesma planta e frutos (cones) ovoides-globosos persistentes contendo escamas duras, coriáceas e enrugadas (Lorenzi, Et al, 2003).

Nos Estados Unidos foram encontradas três sequoias com mais de 100m de altura. Pesquisadores usaram lasers para fazer os cálculos e concluíram que a maior das três tem 115,2m e as outras, 114,7m e 113,1m. Os cientistas querem fazer novas medições e talvez até subir nas árvores para confirmar o recorde. É bem provável que no passado tenha existido alguns espécimes ainda maiores, que foram devastados ao longo do tempo (Wikipédia, 2021).

A sua distribuição natural está restrita a uma estreita faixa da costa do Pacífico da América do Norte, mas no Brasil também existe alguns exemplares, parte deles estão plantados na Serra Gaúcha, em uma reserva que leva o nome de Parque das Sequoias.

Nome Popular: sequoia-gigante, sequoia-vermelha, sequoia-da-costa
Nome Científico: Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.
Família: Cupressaceae (Taxodiaceae)

 

LORENZI, H. et al Árvores Exóticas no Brasil (madeireiras,ornamentais,e aromáticas), Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2003, p. 74.

WIKIPÉDIA. Sequoia sempervirens. 11/08/2021. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sequoia_sempervirens> Acessado em: 17/11/2021.


Plantas tóxicas para animais de estimação



Antúrio - Anthurium andreanum

Todas as partes da planta possuem oxalato de cálcio, cujo princípio ativo oferece riscos a saúde dos animais. Os sintomas são vômitos, diarreia, salivação, asfixia, inchaço da boca, lábios e garganta e edema de glote.


AzaleaRhododendron simsii / Rhondedron obtusum

Possui Andromedotoxina, encontrada principalmente no néctar da planta, ao ser ingerido pelo animal, pode causar distúrbios digestivos e alterações cardíacas.


Bico-de-papagaio - Euphorbia pulcherrima

A planta é perigosa até mesmo para humanos, quando o látex leitoso produzido por ela entra em contato com os olhos causa irritação, lacrimejamento, inchaço das pálpebras e dificuldades na visão. Já com os animais o perigo é ainda maior, apenas o toque na planta pode gerar lesões na pele e conjuntivite.

Copo-de-leite - Zantedeschia aetiopica


Os efeitos da ingestão do Copo-de-Leite são similares as do Antúrio, apesar de parecer inofensiva, a planta causa irritação das mucosas, dor severa e edema de glote e também libera oxalato de cálcio e saponinas, duas substâncias extremamente tóxicas para animais domésticos.


Espada-de-são-jorge - Sansevieria zeylanica

As Espadas-de-São-Jorge são plantas venenosas até mesmo para humanos. Ainda assim elas são usadas em rituais de diversas religiões. A espada produz substâncias como os glicosídeos pregnâncios e saponinas esteroidais, tóxicas tanto para animais quanto para humanos.


Espirradeira - Nerium oleander

Seus princípios ativos, a oleandrina e a neriantina, são encontrados por toda a planta e podem até matar, os sintomas são o mesmos tanto em humanos como em animais: dores abdominais, pulsação acelerada, diarreia, vertigem, sonolência, entre outros.


Mamona - Ricinus communis

Essa nplanta possui uma toxina chamada ricina,que pode ser encontrada em suas folhas e sementes, nos animais são ainda mais letais ao veneno, que quando ingerido pode causar vômito, excesso de salivação, diarreia, sensibilidade abdominal, cólicas e desidratação.

Tomate verde - Solanum lycopersicum

O tomate é uma fruta comum, mas poucas pessoas sabem que quando suas flores e frutos estão verdes apresenta um  alcaloide chamado de tomatina, muito tóxico para os animais. Essa substância pode causar arritmias cardíacas, dificuldade de respirar, salivação abundante, diarreia e vômito.


Comigo-ninguém-pode - Dienffenbachia picta

Os mecanismos de toxicidade da Dieffenbachia ssp são múltiplos e incluem as ráfides de oxalato de cálcio e outras substâncias protéicas e não-protéicas. A exposição à toxicidade pode ocorrer através de contato oral, ocular e dermal, com sintomas que variam desde edema, irritação da mucosa até mesmo asfixia e morte.



Costela-de-adão - Monstera deliciosa

Como a maioria das plantas da família Araceae, á exemplo do comigo-ninguem-pode e antúrio, esta espécie possui ráfides de oxalato de cálcio, apesar de possuir um fruto comestível.




O Brasil possui uma infinidade de plantas ornamentais próprias para jardins, vasos, jardineiras, canteiros residenciais, centenas de espécies umbrófilas  (Plantas de sombra), ou heliófilas (Plantas de sol), indicadas para casas, apartamentos,  todas capazes de conviver harmonicamente com animais de estimação.
Palmeiras, arálias, clefleras, arbustos e ervas foliares e floríferas de várias espécies podem e devem ser utilizadas na jardinagem doméstica, contanto que evitem as espécies supra citadas pela elevada toxidez que apresentam.

A progressiva perda da vegetação nativa de Aracaju

grageru (Chrysoballanus icaco)
Uma grande parcela da população de Aracaju já não mais convive com a presença de inúmeras plantas nativas da cidade em virtude do crescimento imobiliário.
Na minha infância era muito comum encontrarmos em feiras livres e ou tabuleiros de frutas comercializadas em praças públicas muitas frutas como: maçaranduba (Manilkara salzmannii); murici (Byrsonima crassifólia); cambuí (Myrciaria tenella); ingá-da-praia (Inga edulis); grageru (Chrysoballanus icaco), esta última, uma  espécie tão comum, que  deu nome a um bairro da Zona Sul da cidade. Um curioso vegetal de porte herbáceo presente ainda nas nossas dunas, mas capaz de se tornar arbóreo quando cultivado em solos férteis.
Atualmente na zona de expansão e adjacências ainda encontramos entre mangabeiras (Hancornia speciosa) e angelins (Andira fraxinilolia), alguns raros exemplares de murici e cambuí, convivendo em terrenos baldios  com outras fruteiras nativas, remanescentes da nossa restinga, já em vias de extinção  como: manipuçá (Mouriri cearencis); ameixa-da-praia ou murta-da-praia (Eugenia candolleana); bugí (Coccoloba alnifolia); araçá-cagão (Psidium cattleyanum); araticum-da-praia (Annona salzmannii), entre muitas outras já citadas no nosso blog (curiosidadesvegetais.blogspot.com.br) na categoria Plantas de restinga.
Tem sido eventualmente recomendado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) e a Empresa Municipal de Serviços Urbanos (EMSURB), através do Comitê Municipal de Arborização, do qual faço parte como representante da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE), o uso dessas espécies nativas citadas na arborização da cidade, não apenas como alternativas válidas para o recobrimento arbóreo, mas, principalmente, pelo importante resgate ambiental dessas fruteiras quase desconhecidas da nossa população.
O Parque Governador Augusto Franco, popularmente conhecido como Parque da Sementeira, um local apropriado para pesquisa e experimentação dessas essências arbóreas, já poderia ter no seu acervo todas essas espécies para posterior produção de mudas, distribuição e introdução nas áreas públicas da cidade.
Sabemos que é difícil conciliar o desenvolvimento urbano com a preservação do meio ambiente, principalmente quando se trata de árvores nativas, mais é de extrema importância o cuidado com essas espécies para que não cheguemos ao ponto de vê-las extintas da nossa cidade.


Por: Antonino Campos de Lima – Engenheiro Agrônomo

A arborização de Aracaju e seus problemas

Desde os primórdios da fundação da cidade de Aracaju quando o Engenheiro Pirro, urbanista que a projetou resolveu descer a colina de Santo Antonio em direção ao litoral sul, idealizando o seu traçado geométrico na parte baixa da cidade, iniciava-se um dos grandes problemas para a futura arborização da cidade, já que mais de 90% da área urbana estava planejada para ser edificada praticamente no nível do mar, com um lençol freático muito elevado o que tem ocasionado sérios problemas para o sistema radicular das ‘arvores que na sua maioria elevam os pisos pavimentados dos passeios públicos e das residências.
Como se não bastasse a sua limitação subterrânea as árvores de modo geral tiveram de conviver com uma limitação aérea muito grande que se chama rede elétrica, já que Aracaju não dispõe de infraestrutura de distribuição adequada para convivência com as árvores, ou os postes deveriam ser substituídos por outros mais elevados permitindo a arborização abaixo ou de tamanho menor que se posicionassem por baixo das copas produzindo uma iluminação de melhor qualidade e deixando os galhos arbóreos crescerem mais abundantemente, como ocorre em muitas metrópoles brasileiras.  Existem cidades cuja rede elétrica já conta com fiação elástica capaz de conviver com as árvores evitando tanto a mutilação parcial da copa como a terrível abertura de verdadeiros túneis na sua parte aérea. Vale salientar que atualmente a empresa concessionária local já tem demonstrado preocupação com o problema e tem toda essa limitação aliada ás questões urbanísticas de passeios estreitos, recuos de edificações inadequados e abaixo da recomendação do PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano), fizeram com que Aracaju no seu Centro Histórico fosse obrigado a ampliar as suas calçadas para permitir o plantio de essências arbóreas adequadas, como ocorreu há alguns anos nas principais ruas do centro da cidade, já que as árvores necessitam de espaço para formação de sua copa.
Inúmeras manifestações de protesto com relação a “poda predatória”, das árvores da cidade existem há muitas décadas no sentido de evitar que se transformem em verdadeiros “roletes ridículos”, ou “cotonetes verdes” e até comentaram atitudes de  prefeitos municipais que em épocas passadas relegavam a segundo plano a importância da arborização das cidades chegando a dizer que” lugar de árvore é no mato ,na cidade tem que ter poste”. Sabemos que essas manifestações da nossa imprensa são da maior relevância e criam uma consciência crítica necessária para minimizar os efeitos da poda drástica na nossa arborização.


Por: Antonino Campos de Lima - Eng° Agrônomo

O fenômeno da árvore que chora

Nos últimos anos tem sido registrado em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, um fenômeno inusitado que tem deixado à população curiosa. Trata-se de manifestações que são interpretadas como o ”choro” de um vegetal, geralmente de porte arbóreo cujos galhos liberam uma substância liquida sob forma de água. Temos conhecimento que os vegetais exsudam líquidos no seu metabolismo fisiológico de forma natural, como é o caso da gutação, um processo realizado pelos vegetais, que consiste em eliminar a água em forma de gotas, através de poros denominados hidatódios.
Sabemos também que as plantas exsudam líquidos quando o caule  é cortado, causando uma ascensão dos nutrientes, que serão eliminados pelo corte, entretanto o que mais tem intrigado as pessoas é quando essa manifestação torna-se mais visível, formando até algumas poças de água no solo. Nesses casos que comumente ocorrem, trata-se, não de milagres, como muitos atribuem, mas de ação de insetos sugadores como cigarras, grilos, lagartas, pulgões entre outros, que sugam a seiva em determinadas partes das plantas gerando uma espécie de espuma de proteção que com o calor liquidifica e se precipita caindo no solo e formando poças de água.

Por: Engenheiro Agrônomo Antonino Campos de Lima

O baobá do Parque

O Parque Augusto Franco, também conhecido por Parque da Sementeira, localizado no bairro Jardins, além da sua importante missão de lazer e esporte, tem sido utilizado há mais de 10 anos como um importante espaço verde para introdução de plantas nativas e exóticas adaptáveis. Como se trata de uma área verde da faixa litorânea de Aracaju, com solos arenosos e lençol freático superficial, remanescente típico do bioma restinga, tem se tornado um ambiente propício para pesquisas de novas espécies, destinadas á arborização urbana e paisagismo da cidade.
O plantio desses bosques no parque, simbolicamente, foi iniciado em 2005, com a implantação do Bosque Sesquicentenário, quando a cidade comemorava os seus 150 anos. Essa iniciativa tornou-se importante para que se pudesse testar a introdução de novas árvores na arborização urbana, além dos aspectos educativos e científicos para a comunidade.
Recentemente a AEASE (Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe), ao comemorar a Semana do Engenheiro Agrônomo em 2017, plantou conjuntamente com seus associados, centenas de mudas arbóreas no parque em parceria com a EMSURB / PMA.
Além de inúmeras espécies já plantadas como joazeiros, chichás, ipês, angelins, jatobás, oitis, craibeiras, aroeiras, paus-brasil, paus-ferro, felicios, mongubas, castanheiras-do-maranhão, entre outras, uma espécie exótica tem sido motivo de curiosidade para a população que é o baobá (Adansonia digitata L.), da família Malvaceae. Trata-se de uma espécie africana, típica das regiões tropicais áridas e semi-áridas,  considerada a árvore mais robusta do planeta e conhecida internacionalmente através da obra literária “O Pequeno Principe”, de Antoine de Saint-Exuperry,  publicada em 1945.
Um vegetal curioso, que chega a atingir mais de nove metros de diâmetro de tronco no nível de solo e mais de trinta metros de perímetro à altura do peito e vive por mais de cinco mil anos, considerada também uma das mais longevas do mundo.
Como os baobás são árvores de folha caduca e de zonas áridas, as suas folhas caem durante a estação seca e apenas brotam na época das chuvas. O tronco dos baobás adquire a forma de garrafa durante a fase de maturidade da árvore, em geral estimada pelos duzentos anos, quando plantada sob boas condições ecológicas e em solo arenoso. Ela também destaca-se pela capacidade de armazenamento de água nos tecidos do tronco, podendo  chegar a  mais de noventa mil litros.¹
Ao todo, existem oito espécies de baobás, todos do gênero Adansonia seis nativas de Madagascar, uma da Austrália e uma do Senegal.
 O baobá é uma árvore que fascina povos de todo o mundo, mas no Brasil ela tem uma forte relação com a religiosidade.
Em 2012, produzimos em nosso horto uma muda de baobá, a partir de sementes de matrizes africanas. No ano seguinte um exemplar foi doado e plantado por nós na entrada do Parque Governador Augusto Franco. Atualmente já possui mais de sete metros de altura, evidentemente ainda em fase de crescimento e adaptação.
A doação das sementes foi feita pela senhora Maria Angélica Mascarenhas Pereira, esposa do colega Engenheiro Agrônomo Teofanes Borges Pereira, que em homenagem a sua esposa falecida em 16 de março de 2018, resolveu depositar suas cinzas aos pés do baobá, em 22 de abril do mesmo ano, do qual ela costumava contemplar sempre que vinha para Aracaju. Um verdadeiro e emocionante gesto de amor à esposa e a natureza.


¹ Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Baob%C3%A1. Consultado em 22 de abril de 2018.

Plantas que armazenam água

São conhecidas também por suculentas ou “plantas tanques”, aquelas nas quais suas raízes, caules e folhas permitem um armazenamento hídrico capaz de mantê-las por bastante tempo independente de irrigação. Isto facilita a sua sobrevivência em locais de baixa precipitação em ambientes secos e áridos, como é o caso do umbuzeiro e dos cactos, características pertencentes a inúmeras famílias botânicas como: Agavaceae, Aizoaceae, Euphorbiaceae, Crassulaceae, Portulacaceae, Cactaceae, Apocynaceae, Anacardiaceae, Asphodelaceae, entre outras. São milhares de espécies na natureza que têm a capacidade de sobrevivência em condições extremas. 
Inúmeros vegetais armazenam água em suas raizes como é o caso do xilopódio, encontrado no umbuzeiro (Spondias tuberosa A.), da família Anacardiaceae, uma estrutura lenhosa subterrânea, também conhecida por “túbera aquífera” e às vezes de origem anatômica, mista de raiz e caule (Lorenzi,2007). 
O baobá (Adansonia digitata L.), árvore da família Malvaceae, que é a espécie com o tronco mais grosso do mundo, seu caule oco chega a medir mais de 20 metros de diâmetro e pode armazenar até 120.000 litros de água. Uma das árvores mais longevas do planeta, podendo viver por mais de 5.000 anos.
A árvore-do-viajante (Ravenala madagascariensis Sonn), família Musaceae, que acumula água nas suas bainhas foliares (Lorenzi, 2001), servindo para matar a sede dos viajantes, e que acabou lhe valendo o nome popular. 
Os vegetais, principalmente xerófitos possuem estruturas capazes de armazenar água para a sua própria sobrevivência (xeromorfismo), são adaptações como: Reduzidos estômatos foliares, tecidos aquíferos, cuticula espessa e impermeável, folhas laminares e ou transformadas em espinhos, parênquimas aquíferos formados por células de armazenamento, entre outras adaptações do reino vegetal. 
Alguns cipós têm a capacidade de acumular água em seus caules aéreos, por possuírem vasos largos condutores de seiva bruta (Lorenzi, 2008). É o caso do conhecido cipó-d’água, muito comum nas matas da Região Amazônica, (Doliocarpus rolandri J.F.Gmel) da família Dilleniaceae que quando cortado segrega uma seiva cristalina potável, utilizada pelos nativos da região. 
Muitos vegetais tem a capacidade de armazenamento de água, alguns utilizam suas raízes, outros utilizam seus caules, ou até mesmo as folhas são utilizadas entre algumas espécies como mecanismo para armazenar água. É dessa forma que a natureza faz sua parte, e todas as espécies sempre encontram um meio de se adaptar e sobreviver.

Perigo de extinção da árvore símbolo de Aracaju no Parque dos Cajueiros Governador Valadares

O Parque dos Cajueiros Gov. Valadares, verdadeiro cartão postal de Aracaju, local onde as famílias se reúnem em finais de semana e feriados para curtirem com as crianças e idosos está sendo vítima do ataque de ervas parasitas que podem levar a morte dezenas de cajueiros e outras espécies de árvores como maçaranduba e muitas outras, comprometendo a beleza e o seu  conforto ambiental.
São na grande maioria cajueiros jovens e adultos, alguns plantados há mais de cinquenta anos, “Árvore Símbolo de Aracaju”, que estão sendo dizimados pela terrível praga conhecida popularmente  por “erva-de-passarinho”.
Essa planta invasora, pertencente à família Loranthaceae é a espécie Struthanthus flexicaulis Mart. uma erva hemiparasita, epiparasita, porque além de sugar a seiva bruta do caule (xilema) dos hospedeiros tem o hábito de se desenvolver sobre as copas das árvores, competindo em nutrição e sufocando seus hospedeiros e outras espécies próximas. Essa planta parasita é muito comum no Brasil e é a que mais causa prejuízos, embora existam dezenas de outras espécies de ervas-de-passarinho, da mesma família botânica, como as do gênero Psitacanthus, que também fazem dispersão das suas sementes através de pássaros que se alimentam dos seus frutos e defecam ou regurgitam suas sementes sobre os ramos. 
Como medida emergencial torna-se necessária e urgente, a remoção manual da erva parasita e a manutenção periódica das árvores no sentido de mantê-las sempre limpas e livres de pragas e doenças. 
Após a remoção da erva parasita, recomenda-se a aplicação de um produto cicatrizante e protetor (Hidróxido de Cobre ou similar) para evitar a penetração de patógenos.

Nome Popular: erva-de-passarinho
Nome Cientifíco: Struthanthus flexicaulis Mart.
Família: Loranthaceae

A AEASE e a Floricultura em Sergipe

     A produção mundial de plantas ornamentais ocupa, atualmente, uma área aproximada de 190 mil hectares , movimentando valores em torno de US$ 16 bilhões por ano, no setor de produção e de US$ 44 bilhões no varejo, daí a sua importância já que o Brasil há apenas pouco mais de três décadas  começou a se destacar nessa atividade agrícola e já desponta com volume de negócios superior a 700 milhões anuais disponibilizando mais de 120 mil vagas nesse segmento, no mercado de trabalho. Ana Ledo, 2009.
     Em Sergipe, esse segmento ainda embrionário, tem sido estimulado pela Endagro e Embrapa e já chegou a ter a sua cooperativa instalada.
     O segmento floricultura no Brasil está atrelado á produção de flores e plantas ornamentais e no nordeste Brasileiro há uma vocação cada vez mais crescente de incentivo á produção de palmas tropicais para consumo interno e exportação em função das suas condições edafo-climáticas.
     Sergipe já possui alguns pólos de produção de ornamentais destinadas á jardinagem e grama em tapetes, além de produtores que se especializaram em produção de palmas tropicais.
     A AEASE vem acompanhando essa tendência e tem procurado estimular novos empreendimentos na área. No final do ano 2009, uma comitiva liderada pelo colega Vicente de Paula Primo, Presidente da AEASE na época esteve visitando empreendimentos de colegas que já produzem plantas ornamentais.
     Aracaju, no final de 2009 sediou dois importantes eventos na área de floricultura; O Congressos de Floricultura e Plantas Ornamentais e o de  Cultura de Tecidos de Plantas,  realizados no Hotel Parque dos Coqueiros de 18 a 23 de outubro de 2009. O evento que teve como tema Ciência, Inovação e sustentabilidade. Além da promoção da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Embrapa Mandioca e Fruticulcura Tropical, Universidade Federal de Sergipe e Universidade Federal Rural de Pernambuco, contou também com o apoio da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE), que disponibilizou seus meios de comunicação e seu espaço físico para permitir a viabilização desse evento, considerado da maior importância para a classe agronômica e para a sociedade em geral.
     Segundo a coordenadora do evento em Sergipe, Ana da Silva Ledo, colega pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, “em Aracaju, os participantes tiveram a oportunidade de debater inovações tecnológicas no cultivo de flores e plantas ornamentais e novas aplicações da cultura de tecidos vegetais in vitro, visando a obtenção de produtos de alta qualidade e competitividade, para o mercado interno e exportação”.
     A AEASE, nessa oportunidade ministrou um Curso Intensivo de Plantas Ornamentais e Paisagismo, no auditório da Embrapa, que contou com a presença de 65 participantes de vários estados Brasileiros e lançou um livro da autoria do Engenheiro Agrônomo Antonino Campos de Lima, denominado Glossário de Plantas Ornamentais Tropicais. Em março de 2010 (De 15 a 19/03/2010), comemorando os sessenta anos  a AEASE, juntamente com a Embrapa, promoveram um Curso de Jardinagem para a comunidade que contou com a presença de 85 participantes. O curso contou com a presença de técnicos da Embrapa, Aease e Universidade Federal de Sergipe, além de uma Oficina de Grama ministrada pelo Engenheiro Agrônomo da Itograss. Ainda no decorrer desse evento uma Mesa Redonda constituída por representantes da Embrapa, UFS e AEASE e com a presença da equipe técnica da Prefeitura Municipal/Emsurb, debateram importantes temas sobre a arborização urbana de Aracaju.

Por Antonino Campos de Lima