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A AEASE e as Questões da Arborização Urbana de Aracaju

     Desde os primórdios da fundação da cidade de Aracaju quando o Engenheiro Militar e Urbanista, que desde 1948 servia na Província, Capitão Sebastião José Basílio Pirro, conhecido por Engenheiro Pirro, que a projetou, resolveu descer a colina de Santo Antonio em direção ao litoral sul, idealizando o seu traçado geométrico na parte baixa da cidade, iniciava-se um dos grandes problemas para a futura arborização da cidade, já que mais de 90% da área urbana estava planejada para ser edificada praticamente no nível do mar, com um lençol freático muito elevado ocasionando até hoje, sérios problemas para o sistema radicular das ‘arvores que na sua maioria, provocam a elevação dos pisos pavimentados nos passeios públicos e residências.
     Como se não bastasse a limitação subterrânea as árvores, de modo geral tiveram de conviver com uma limitação aérea muito grande que se chama rede elétrica, já que Aracaju não dispõe de postes adequados para a sua convivência. Os postes deveriam ser substituídos por outros mais elevados permitindo a arborização abaixo ou de  tamanho menor que se posicionassem por baixo das copas produzindo uma iluminação de melhor qualidade e deixando os galhos arbóreos crescerem mais abundantemente, como ocorre em muitas metrópoles Brasileiras. Existem cidades cuja rede elétrica já conta com fiação elástica capaz de conviver com as copas arbóreas, evitando tanto a sua mutilação parcial como a terrível abertura de verdadeiros túneis na sua parte aérea.
     Além da inadequação dos postes e da fiação, a rede telefônica também gera o mesmo problema já que sua fiação utiliza os mesmos postes de iluminação pública.
     Toda essa limitação aliada ás questões urbanísticas de passeios estreitos, recuos de edificações inadequados e abaixo da recomendação do PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano), fizeram com que Aracaju no seu Centro Histórico fosse obrigada a ampliar as suas calçadas para permitir o plantio de essências arbóreas adequadas, como ocorreu na década passada, nas principais ruas do centro da cidade, já que elas necessitam de espaço para formação de sua copa.
     Inúmeras manifestações de protesto com relação a “poda predatória”, das arvores da cidade existiram há muitas décadas, a imprensa  até comentava oportunamente, atitudes de outros prefeitos municipais que em épocas passadas relegavam a segundo plano a importância da arborização das cidades chegando a dizer que” lugar de árvore é no mato ,na cidade tem que ter poste”. Sabemos que essas manifestações da nossa imprensa são da maior relevância e criam uma consciência crítica necessária para minimizar os efeitos da poda drástica na nossa arborização, entretanto vale ressaltar que os atuais dirigentes não podem fazer milagres com relação ao sistema de poda adotado em virtude das suas limitações com relação aos recuos das edificações, da rede elétrica existente e demais obstáculos que contribuem para dificultar a convivência da árvore com o meio urbano.
     A poda rigorosa na arborização da cidade e as manifestações oportunas da comunidade em geral nos remetem a questões muito importantes sobre a arborização de Aracaju que está a merecer uma ampla discussão que analise não apenas os sistemas de poda, mas a essência arbórea adequada, a forma de plantio, tamanho da muda, a manutenção, enfim todo o conjunto de informações técnicas necessárias ao planejamento da arborização, de preferência envolvendo não só a Prefeitura Municipal, como as instituições públicas e privadas que direta ou indiretamente estejam envolvidas com as questões da Arborização urbana.
     Atualmente o trabalho de elaboração de inventários da vegetação, que seria a primeira etapa do planejamento da arborização urbana já conta com tecnologias mais precisas mediante a utilização de geoprocessamento e sensoriamento remoto uma ferramenta importante que já vem sendo utilizada no Brasil para diversas finalidades inclusive para estudos ambientais no meio urbano. Essas ferramentas oferecem uma visão de macroescala, facilitando a representação e a análise de áreas que estão constantemente sujeitas as intervenções humanas. Sabemos que muitas são as informações que podem ser obtidas do geoprocessamento e do sensoriamento remoto e dentre elas destaca-se, a temperatura aparente da superfície, a quantificação e qualificação de áreas verdes. Segundo Moreira, 2005, a videografia aérea tem grande destaque no estudo do ambiente urbano permitindo o levantamento de uma gama de informações importantes e de alta resolução.
     A AEASE (Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe), em diversas oportunidades participou de debates e colaborou com a Prefeitura Municipal de Aracaju, no planejamento e na recomendação de uso  de essências arbóreas para a arborização da cidade. Na gestão do colega Roberto da Costa Barros, ainda na década de sessenta (1968/1970), em convênio com o IBDF, a AEASE teve oportunidade de estimular o plantio de essências arbóreas na cidade e  notadamente na última gestão, como representante da AEASE, participamos, juntamente com a EMBRAPA e UFS, da revegetação do Parque da Sementeira no pertinente á formação de bosques poliespecíficos, com exemplares da Mata Atlântica e essências exóticas tropicais adaptadas.
     Recentemente, a AEASE foi convidada a participar do Comitê Municipal de Arborização nos indicando como seu representante. Dessa forma a Associação terá oportunidade para contribuir, ainda mais, de forma  oficial e efetiva com o planejamento e a gestão da Arborização Urbana da nossa capital.

Por Antonino Campos de Lima