Pesquisar

O mangarito


Uma planta tuberosa, herbácea, (30-50cm) de altura acaule, ereta, perene, nativa do Brasil (Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo), com folhas glabras, membranáceas, de 20-35 cm de comprimento, com peciolo esponjoso e ereto.
Apresenta raramente flores em inflorescências do tipo espádice, protegida por espata membranácea de coloração verde.
Essa hortaliça era cultivada pelos índios brasileiros que passaram para os colonizadores que a cultivaram por longo tempo, depois sendo esquecida.
Atualmente está sendo novamente consumida como uma PANC, após pesquisadores da Embrapa terem desenvolvido o melhoramento da cultura, principalmente com relação ao tempo de cultivo e tamanho do rizoma.
Quando cozida possui sabor parecido com a castanha-portuguesa. Lembra também sabores de cará, mandioquinha, batata, inhame, apresentando uma consistência tenra. Seu tamanho e forma lembra a batatinha.
Seu uso culinário é semelhante ao da batatinha, processado de varias formas, como: mangarito frito, purê de mangarito, sopa de mangarito e seus rizomas variam de coloração e tamanho, sendo mais comum o amarelo intenso e o esbranquiçado e sua propagação é por meios vegetativos.
Tanto as folhas quanto os rizomas são comestíveis e são excelentes fontes de carotenoides e pro-vitamina A. As folhas são utilizadas após bem cozidas e eliminadas as suas nervuras branqueadas.
Atualmente os chefs de cozinha estão tentando reintroduzir seus rizomas na culinária brasileira.
  

Nome popular: mangarito, mangará, mangareto, tayaó, macabo.
Nome científico: Xanthosoma riedelianum Schott
Família: Araceae

¹ Lorenzi,Harri. Plantas Alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil, Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2014. p.116.

O camu-camu


Fruto de uma pequena fruteira de 2-7m, de altura, forma arbustiva, raramente alcançando 7m, ainda pouco cultivada em pomares domésticos e bastante encontrada na região amazônica em forma silvestre, principalmente em áreas alagadas com parte do caule imerso.
Folhas simples cartáceas glabras de 4-7cm, flores andróginas e perfumadas. Frutos do tipo baga globosa, com casca fina lustrosa, de cor vermelha passando a negro-púrpura com polpa suculenta e muito ácida, consumidos in natura ou em forma de sucos, geleias e doces. A fruta amadurece geralmente em dezembro-janeiro. (Lorenzi et al,2006).¹
O camu-camu contém elevado teor de Ácido Ascórbico, grande fonte de vitamina C (2.700mg/100g da fruta), superando o teor da acerola (1.677 mg/100g), contém até 56 vezes mais vitamina C do que o limão, 60 vezes mais do que a laranja, por isso  é considerada a segunda maior fonte natural de vitamina C no mundo, perdendo  apenas para uma fruta australiana conhecida como “ameixa-de-kakadu” Terminalia ferdinandiana, da família Combretaceae, (2.300mg – 3.250mg/100g da fruta)²
Trata-se de um fruto pequeno com sabor extremamente azedo, por isso geralmente mais consumido em forma de pó e/ou misturado com outras frutas para fazer suco, doces, sorvete e outros produtos. A Embrapa Amazônia Oriental e outras instituições de pesquisa no Brasil estão desenvolvendo inúmeros estudos sobre essa planta que possui um grande potencial ainda a ser explorado.
A variabilidade genética do camu-camu, tanto folhas, como frutos, e o seu potencial nutricional como fonte de vitamina C, ajudam a fortalecer o sistema imunológico, recuperação muscular, melhora a saúde dos olhos, mantém o sistema reprodutivo saudável, protege contra doenças degenerativas no cérebro  e também colabora para evitar doenças cognitivas, como o Alzheimer. Seu extrato contém flavonóis, ácido elágico e elagitaninos favorecendo a redução no ganho de peso corporal e a intolerância à glicose e à insulina. Tanto as folhas como os frutos servem no campo medicinal para inúmeros tratamentos de doenças, como: asma, herpes, resfriados, gripes, problemas oftalmológicos, como catarata, glaucoma, fadiga crônica, cefaleias, depressão, artrite reumatoide, doenças da gengiva, osteoartrite e outras que estão relacionadas ao aumento da imunidade, como as doenças degenerativas do cérebro,  vários tipos de câncer, escorbuto entre muitas outras.
Atualmente o camu-camu tem sido também alvo de pesquisas no campo do esporte por ser importante na recuperação muscular e por conter antioxidantes, se revelando como grande protetor das células de envelhecimento, ajudando a manter a pele jovem e limpa.

Nome Popular: camu-camu, araça-de-água, caçari
Nome Cientifíco: Myciaria dubia ( H.B.K.) Mc Vaugh
Família: Myrtaceae

¹ Lorenzi, Harri et al.: Frutas  brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura), Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2006.p.222

² Disponível em http://www.naturalhub.com/natural_food_guide_fruit_vitamin_c.htm, acessado em 29 de outubro de 2018.


O manjogome


Uma planta invasora consumida em Sergipe, como Planta Alimentícia Não Convencional (PANC),  também conhecida popularmente como  “língua de vaca”, ou “efó”, na Bahia, em Pernambuco como Maria-gorda, no Pará como caruru, em Minas gerais como beldroega-grande, além de cariru,  lustrosa-grande e  erva-gorda em outras localidades,  embora muito comum em todo o território brasileiro.
Cognominada de manjogome em Sergipe, pelo fato de que na Campanha de Canudos (1896 / 97), no tempo de Antônio Conselheiro, uma volante comandada pelo Major Gomes, na época Capitão Gomes Carneiro, perdeu-se na caatinga e seus comandados estavam prestes a morrer de fome, quando o Major descobriu essa planta nativa e fez uma enorme panelada alimentando os seus comandados. Como os soldados não sabiam o nome da planta batizaram-na de “planta-do-major-gomes” que, com o passar do tempo, por corruptela de linguagem passou a ser conhecida por “manjogome”.
Essa planta herbácea, (40-60 cm), carnosa glabra, de folhas simples, curto-pecioladas  e flores com inflorescências racemosas terminais e axilares, de coloração  rósea  é nativa do Brasil.
Trata-se de um vegetal consumido como prato típico em quase todo o Norte e Nordeste do Brasil e bastante apreciado pela população dessas regiões.  Na Amazônia é cultivada como hortaliça e no interior de Sergipe é bastante consumido, principalmente  quando preparado com coco sob forma de moqueca.
Suas folhas e talos, em outras regiões são também cozidos com feijão e como substituto do espinafre em muitos outros pratos como: pão verde, patê com ricota, como recheio de pasteis e massas, com tapioca, torradas e biscoitos, refogado com linguiças, com ovos cozidos, entre inúmeras outras formas de consumo (Kinupp, Lorenzi, 2014).*
Na medicina popular é bastante usada para combater anemia. Possui ácido fólico, mucilagens, pigmentos, sais minerais, taninos e propriedades medicinais, como: antiescorbútica, béquica, cicatrizante, calicida, diurética, depurativa e emenagógica,  indicada para: afecções da pele, calos, corte, debilidade orgânica, edemas, escorbuto, neurastenia, fraqueza em geral, infecções intestinais, inflamações  tópicas e problemas gastrintestinais (Braga,R.C, 2010). **
A análise química da matéria seca de folhas e ramos  do manjogome ou cariru, como é conhecido na Regiâo Norte, revelou através de pesquisas realizadas pela Embrapa (CPAA) Manaus, um enorme potencial de minerais importantes para a saúde como: pró-vitamina A, Vit.B², B³, C, além de sais de Cálcio, Potássio, Fósforo, Magnésio, Enxofre, Cobre, Manganês, Sódio, Zinco e  Fluor, sob forma de fluoreto (Cardoso,M.O.,1997).


Nome Popular: manjogome, maria-gorda, cariru, joão-gomes, lustrosa.
Nome Cientifíco: Talinum triangulare  (Jacq.) Wild.
Família:  Talinaceae ( Ex-Portulacaceae)


* Kinupp, Valdely, Ferreira, Lorenzi, Harri.: Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil :guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2006.p.441. 

** Disponível em: http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Talinum_paniculatum.htm, acessado em 17/03/2019